quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Belchior e o casamento 2

Foto verídica by A.K.

Tínhamos um casamento em que éramos padrinhos. Grandes amigos dele, que se tornaram meus também de tabela. Eu já sabia que Belchior não passaria impunemente ao casório. Até porque o casal nasceu debaixo de suas asas, todos eram seus amigos de faculdade e ele tinha total liberdade. Sentir-se-ia em casa (escrevi lindo agora, hein). E aí mora o perigo.

Até que na Igreja ele se comportou. Não chegou atrasado e deixou a noiva esperando (como fez da última vez em que fomos padrinhos e a noiva, sua amiga, estava apavorada com essa possibilidade). Mas, já na Igreja ele dava indícios de que a cobra ia fumar. Puxou os aplausos finais, mandou a irmã do noivo rir alto (uma característica clássica dela). Falou alto, bateu palma, cantou, se emocionou. Isso tudo na frente do padre! Porém, a festa é a festa, né, gente...

Belchior chegou na boa e ficou só no proseco. Prosequinho, como ele gosta de chamar. Taça vai, taça vem. Mas, Belchior, que não é bobo não, já havia bebido umas três ou quatro ou cinco latinhas antes de entrar na Igreja. Afinal, chegamos no fim do outro casamento... Tempo perdido é tempo de beber...Eu tinha que compreendê-lo!

No meio da festa, ele começou a dançar freneticamente. Tivemos uma surpresa ótima. Uma bateria de escola de samba deu o ar da graça e do requebrado. Fomos para frente do palco, sambamos, descemos até o chão, mas eu já sentia o cheiro de show no ar.

O puxador estava em cima do palco e demorou apenas alguns minutos para Belchior se juntar a ele! Ficou cantando no cangote do cara, pedindo para cantar. E o puxador levando o samba, sendo atormentado por ele. Claro que ninguém resiste aos seus encantos e insistência e logo ele estava cantando junto com o cara, levando o samba no gogó. Outros companheiros subiram também e tudo virou uma festa ainda maior.

Após o espetáculo carnavalesco, que muito me diverti e sambei, já completamente despida de pudores e descalça (a única da festa, detalhe), começou a rolar um clima de sertanejo universitário no ar. Ai meus sais! Era a chave, era a senha, era a chamada final!!!

Belchior, mais uma vez, subiu aos céus de sua glória, pegou o microfone, mandou o cara do som ligá-lo e deu seu show! Cantou três músicas seguidas num estilo playback, jogou flores para mim. Tinha um legado de fãs pulando e cantando, seus bons e velhos amigos da terrinha e da faculdade, que estão mais do que acostumados com sua performance. Todos cantavam e aplaudiam Belchior.

Para fechar com chave de ouro e soltar o grito engasgado da festa à fantasia, em que não pôde cantar o hino do carnaval da terrinha, Belchior puxou o clássico dos clássicos, levando seus fãs (até mesmo a mais inesperada, que dançava feito uma galinha literalmente):

“O bicho vai pegar e eu não to nem ai. Na CPI do Amor, meu passarinho vai subir”

Até os noivos subiram ao palco, fechando com muita honradez o grande show de Belchior. Salve simpatia, cara de pau e alegria!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Belchior e a Festa à Fantasia


Desculpem pela demora em atualizar isso aqui, mas tive alguns probleminhas que me deixaram sem tempo e sem saco de escrever esses dias. Para quem escreve é importante estar em sintonia com a alma e o humor e, definitivamente, não estava nos meus melhores dias. Vovó ficou doente e isso acabou comigo. Agora que ela está se recuperando, ainda no hospital, já me animei mais um pouco para detalhar aqui mais algumas doses de Belchior na veia.

Há duas semanas rolou a ‘Terrinha Fantasy’, festa tradicional da cidade e que eu nunca tinha ido. Resolvemos em cima da hora e, claro, improvisei uma fantasia meio sem graça, mas que deu para curtir. Fui de Coco Chanel. Na verdade, queria ir de par com Belchior, mas não conseguimos improvisar nada.

Belchior resolveu ir de piru, isso mesmo, de órgão genital masculino, mas ela já havia ido dois anos antes. Como foi um sucesso, ele repetiu a dose. Pediu ao pai para pegar no hospital um soro, misturou com leite e um cateter, colocou na cabeça de camisinha e, na medida que ele queria, apertava o soro e saia pelo cateter na cabeça. O piru jorrava leitinho e ele ainda pediu para as pessoas esfregarem a cabeça dele!! O piru e a Coco Chanel, bailando pela festa. É cômico, se não fosse triste....rs

O problema é que Belchior não consegue passar impune e seus instintos artísticos sempre falam mais alto. A festa tinha vários ambientes e em dois deles havia shows, com cantores da terrinha, que ele conhecia. As primeiras tentativas foram na parte da noite Flashback. O cantor havia estudado com Belchior e ele achou que, com isso, teria mais chance de subir ao palco e cantar. Despois de muita insistência, de tentativas frustradas (ele chegou a pegar o microfone, mas tiraram o som), Belchior se irritou e a gente foi explorar outras áreas da festa. Quem sabe assim ele não teria mais sucesso?

No ginásio do clube nem adiantava tentar. Era show da grandiosa cantora Perla. Claro que passamos lá para curtir o show, mas nem com muita reza forte dava para aguentar. Acho que foi um dos piores shows que já vi, com uma cantoras péssima e nem a sua música mais consagrada “tirapturu, tirapturu, ohaaaaaaaaaaa”, que eu queria ouvir, salvou. Não ficamos nem 15 minutos.

Do outro lado do clube e bem mais tranqüilo, rolava um show de pop rock do cantor consagrado na terrinha, o Rubinho. O show estava muito bom e dançamos bastante. Aos poucos fomos nos aproximando do palco e, numa música que Belchior consagra como sua trilha sonora – “Mais uma dose, é claro que eu estou afim. A noite nunca tem fim” – ele não se conteve e subiu ao palco!

O Rubinho não se incomodou em nada, mas o microfone que estava sobrando estava desligado e, apesar de toda performance do meu marido, nem um grunhido saía de sua cantoria. Mas o auge da decepção do Belchior foi porque o Rubinho, cantor que eles tanto gostam, negou suas origens. Belchior e D., que a esta altura também estava no palco, queriam que ele cantasse a música que consagrou o carnaval da terrinha. Música esta de autoria do Rubinho. Que ele não queria cantar. Ora bolas, como não querer cantar uma música tão bela no meio da festa? Segue o refrão para vocês conferirem:

“O bicho vai pegar e eu não to nem ai. Na CPI do Amor, meu passarinho vai subir”

Até eu subi no palco para tentar sensibilizar Rubinho, mas não rolou e descemos desolados. Bem, era hora de partir e fomos embora da festa, o piru quase caindo e a Chanel segurando o piru até chegar em casa.