quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O sentimentalismo


Apesar do tom brincalhão e irreverente, Belchior é um cara muito sensível. E quando digo sensível, é muito mesmo! Percebi isso no primeiro dia que nos conhecemos. Mesmo trêbado, todo se querendo e bem humorado, ele ficou realmente tocado na nossa primeira conversa, com o fato de eu ter perdido a minha mãe há apenas três meses e ainda ter tomado um pé na bunda fenomenal. A sua fisionomia mudou e ele me ganhou ainda mais naquele momento. Como sou muito observadora, as mudanças de voz, o tom da conversa e o real interesse dele em saber como minha vida tinha se transformado tanto em tão pouco tempo, fizeram-me olhá-lo com outros olhos.

Mas não foi só isso, como pensei inicialmente. Depois que começamos a namorar e vivemos situações de extremas emoções, Belchior se tornou um exemplo de sensibilidade que, muitas vezes, até me fizeram ficar espantada. Eu sou mulherzinha, carente, sensível. Chorar para mim é algo que faz parte do meu cotidiano, apesar de ser espantosamente controlada em alguns momentos. Ás vezes quero chorar e não consigo. Porém, eu e Belchior, Belchior e eu, nos emocionamos juntos por várias vezes!
Nos primeiros momentos juntos, nos jantares românticos, cada vez que tínhamos mais e mais certeza de que encontramos o amor das nossas vidas. Belchior não se apertava. Transbordava emoção nas noites que passamos juntos, nas palavras bonitas que dizíamos um ao outro. Chorava de me ver chorar sentindo falta da minha mãe, chorávamos juntos ao assistir um comercial, um programa na TV, na nossa primeira viagem, no Natal e, claro, quando decidimos juntar os trapos.

No dia da nossa comemoração então, nossa!!! Belchior bateu o recorde! Parecia a noiva! Rsrsrs Chorou como criança, não fez questão de esconder a sua emoção ao falar da gente, de mim, de me dar a aliança na frente de todos. Foi, com certeza, o dia mais lindo e feliz da minha vida. Todos brincam com ele por essa sensibilidade aguçada. Mas ele não tem vergonha. Chora mesmo, e daí?? E eu acho o máximo. Qual é a mulher que nunca quis ter um cara tão sensível ao lado?
Inclusive, ao ler este blog, ele chorou. Em todas as atualizações ele se emociona! E eu também, claro. Como o pai dele mesmo me disse no dia do nosso casório: “Você está levando a jóia mais rara da minha casa”. Fiquei muda. Não tive nem palavras para respondê-lo. Ele tem toda a razão.

Bem, enfim vamos sair de férias! Por isso, tô levando o bloco e canetinha para anotar as próximas peripécias de Belchior na nossa viagem. Tenho certeza de que serão muitas! Em 2010, vou regar esse blog de histórias e cerveja, claro.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A questionadora que existe em mim!




Tá, Belchior é o máximo, divertido, cheio de histórias engraçadas e situações inusitadas. Mas agora vou falar um pouquinho de mim. Não sou uma estrela divertida como meu marido, mas também faço as minhas graças de vez em quando. Mas o ponto alto de mim mesma, do meu eu interior (ai, que brega!) é que sou um poço de inquietudes e questionamentos!!

Ok, estou meio intrigada porque Belchior me disse isso ontem e eu precisava dividir aqui. Ele disse que eu questiono tudo e que, ás vezes, cansa. Ele tá certo! Deve cansar mesmo. Não sei se tem a ver com minha profissão ou com meu faro jornalístico metido a detetive de meia tigela ou são os livros que leio e amo (policiais, principalmente), mas algo dentro de mim quer sempre saber mais e mais e mais.

Não me contento com uma resposta simples ou com o fato das pessoas não estarem afim de ficar pensando e me responder com a mais profunda clareza da alma as questões. Não dá, cara. Além disso, sou por demais observadora. Passo quieta muitos momentos só degustando e sentindo um prazer inenarrável de curtir os gestos, de elucubrar as atitudes, os pensamentos. Ahahaha, calma, gente, não pensem que sou louca!

Só gosto de observar, de questionar, de tentar entender o eu e as atitudes das pessoas. Gosto disso. Acho que seria boa psicóloga (já fui apelidada de psicóloga dos relacionamentos por ex-namorados de amigas minhas)! Mas acabei me formando em jornalista, com sonho de ser escritora, funcionando bem como assessora de imprensa. A vida é a vida!

Mas, fiquei intrigada ontem. Belchior tem razão. Para que tantas perguntas, tanta inquietação e vontade de desvendar os outros? “Não fui porque não fui, meu amor. Quis tomar um chopinho.”, respondeu-me ontem Belchior. Mas não me conformei. Claro que ele sempre quer tomar um chopinho! Ah, mas ele poderia ter ido comigo no evento dos meus amigos. Tudo bem, esquece.

O fato é que eu pergunto sem parar mesmo. Se não é direto com a pessoa, é dentro da minha cabeça. O assunto acaba, mas eu continuo martelando, pensando coisas, fazendo conexões. Será que estou na profissão errada? Sei lá, cara, não sei o porquê de ser assim. Fico matutando várias coisas, sempre!! E o que Belchior disse estava vivo em mim, ardendo com inúmeros questionamentos.

Fomos deitar e eu continuei martelando. Será que ele cansou de mim? Será que está afim de outra? Será que se arrependeu de ter juntado os trapos rapidamente? Cacete, me cobri com o edredom (eu durmo de edredom até no calor, ok? Não se preocupem, to bem), mas não conseguia relaxar. Belchior feliz, tentando dormir ao meu lado e eu não agüentei!!!

Querido, só mais uma pergunta, pode ser? “Claro, meu anjo, fala ai”. Acho que você está arrependido de algo! Você ta infeliz? Aiaiaia, ele não agüentou! “Casadona, me deixa dormir em paz!!! Não agüento mais tantas perguntas”! Rsrsrs Tá bom, né. Quem procura acha. Tá certo. Vou dormir, pensei quietinha.

Mas, entre um virar e revirar de lados, Belchior me disse: “Sou muito feliz, amor. De verdade. Só pare de me fazer tantas perguntas”.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A criança que existe nele


Nosso apartamento está sendo mobiliado e decorado aos poucos. Mas, desde o início, compramos um sofá maravilhoso, grande, com uma chaise de casal. Compramos o sofá de um amigo do Belchior, que havia usado por pouquíssimo tempo. Além do humor e das maluquices, Belchior é um cara que gosta de decoração e de arrumar as coisas. Não pense que eu, como mulher, escolhi as coisas da casa do meu único gosto. Ele fez questão de participar de cada detalhe e deu um toque especial e criativo na maioria das nossas aquisições.

Ganhamos junto com o sofá uma estante que a mãe desse amigo dele odiava. Mas, para gente, seria de grande utilidade. Ela era estreita, apesar de alta, simples, mas prática. Ficaria sobrando um espaço enorme se ela fosse colocada na sua real posição. Belchior nem pensou. Deixou a estante deitada mesmo, arrumou de forma desorganizada as prateleiras, que ficaram soltas e pronto! Todos adoram a estante e sempre perguntam onde compramos!A cor da parede diferente fui eu que escolhi. Quis algo impactante. Um vermelho tapeçaria (algo como vermelho maravilha).

Belchior cismou de pintá-la. Disse que era fácil e, tá. Assim que pegamos as chaves marcamos um ‘open house’ da ajuda para pintar a parede. O resultado? Imaginem! Tinta vermelha no teto de gesso branquinho, tinta vermelha na parede marfim. A melhor opção foi chamar um pintor e retocar a parede de Belchior. RS Além das nossas arrumações e detalhes, Belchior parece uma criança grande. Volta e meia são sustos (que eu odeio e ele faz de propósito), brincadeiras, cantorias. A nossa casa é bem divertida.

Mas eu acho que a nossa casa é meio estranha. À noite, ouço uns ruídos, uns passos. Sei lá. De vez em quando fico com medo. Num domingo à noite nós dois ouvimos barulhos. Ele levantou da cama e foi lá ver o que era. Morrendo de medo, diga-se de passagem! E demorou, demorou. Como eu saquei a dele, não fui atrás e comecei e dizer para parar com isso e tal. Cara, ele começou a bater as panelas, gritar, dar tapa na sua própria cara, gritar socorro. Tudo para eu acreditar que ele estava sendo atacado, às 23h de um domingooooooo!!!!!! Quase sempre foi dormir depois de dar muitas gargalhadas!

Mas a melhor de todas foi um dia que já não me lembro qual, em que cheguei do trabalho e Belchior ia fazer algo para comermos. Legal, amor, vou tomar banho então. E lá fui eu, toda pimpona, tomar um banho, relaxar e, que maravilha, comer algo preparado pelo meu marido! Tomei aquele banho, enrolei a toalha na cabeça (ele sempre diz que fico igual a Margie, dos Simpsons) e percebi que a casa estava absolutamente em silêncio. Que estranho, pensei. Belchior sempre faz barulho cozinhando, arrumando, mas, tudo bem... nem deve ter feito nada, cochilou na certa.

Continuei meu ritual pós-banho e fui para sala. Quando cheguei, fiquei em choque. Belchior estava se escondendo entre as almofadas do nosso big sofá, rindo de passar mal, ao ponto das almofadas subirem e descerem com as suas risadas. Belchior, o que é isso? Dizia eu, rindo e sem entender. Ele não respondia. Só ria descontroladamente. Querido, vc estava tentando se esconder de mim? É isso? Ai!! Assim, tão na cara? Belchior balançou a cabeça positivamente, feliz da vida! E ainda me fez a seguinte pergunta: “Você percebeu que era eu, amor?”. Genteeeeeeeeee, é louco de pedra!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Moon Walk


Michael Jackson acabava de falecer. Belchior também era fã dele. Ficou triste quando ouviu a notícia. Comprou DVD e esta passou a ser a trilha sonora dos nossos momentos de lazer. Tá, entendo que o cara era o cara. Mas nunca fui muito fã. Achava que ele tinha se perdido no próprio sucesso e virou tema de reportagens e histórias patéticas. Deixou de figurar como o grande ídolo do pop rock para virar um louco esbranquiçado, despudorado, devorador de criancinhas com um quê de pedofilia. Enfim, nada a ver com nada. Mas a sua morte causou comoção geral. E Belchior gostava muito. Pudemos resgatar boas canções e momentos legais da fase áurea do astro. Fui convivendo com isso e estava até achando legal.

Fizemos uma maratona num belo fim de semana de inverno. Era minha formatura de manhã na UFF (segundo diploma), tínhamos um casamento à noite na terrinha do Belchior. Saímos correndo em busca da chegada perfeita na terrinha. Meu irmão nos acompanhou na viagem. Chegamos a tempo, fomos para o casório. Adorei! Típico de cidade do interior. Com direito a fogos na Igreja, nome dos noivos em neon. Festa no campo, com moda de viola. Saímos às 6 da matina.

Domingo de estrada de novo. Almoçamos e seguimos o caminho de volta para casa. Mais umas 5h de viagem. Belchior estava mal humorado. Um parêntese aqui. Belchior é mais novo do que eu e tá com o espírito de velho! Umas manias assim, surreais! Depois que casamos não gosta de chegar tarde em casa no domingo. Quer sair sempre pela manhã das viagens e chegar com o dia claro! Vai entender! Eu aviso logo aos amigos dele: Gente, não tenho nada a ver com isso, hein!! Sou animada. Já viajamos inúmeras vezes para Arraial do Cabo, Aldeia, São Paulo e ele sempre com essa taradice de querer acordar e ir embora! Mais uma vez, galera, não tenho nada a ver com isso!! Rsrs Fecha parêntese.

E, claro, fizemos a mesma coisa voltando da terrinha. O dia estava meio chato, estávamos super cansados. Chatinha mesmo essa volta. Conversamos, rimos, ouvimos música. Mas estava faltando algo! Claro, prenúncio de que Belchior faria mais uma das suas!

Eis que paramos no engarrafamento em Magé. Obras na pista e uma vontade louca de chegar em casa o mais rápido. Música tocando na rádio. Surge o Rei do Pop. Nossa, Michael Jackson não, pensei eu, cá com meus botões. Mas, pelo menos Belchior ficaria animado. Ah!!! Pensamento mágico.

Num piscar de olhos Belchior abre a porta, sai do carro e manda um ‘Moon Walk’ no meio da estrada!!!! Parece piada e foi! Para nós, eu e meu irmão, meu irmão e eu, foi piada de primeira!! Caímos na gargalhada descontroladamente! Belchior lançou o ‘Moon Walk’ sem medo de ser feliz e entrou no carro, engatou a primeira e seguimos viagem!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Bar e A PIADA


São tantas histórias que tenho para escrever, que fica difícil priorizar algumas, mas essa, com certeza, vale a pena ser contada em detalhes logo!

Foi um fim de semana para lá de gostoso em Macaé. Belchior tem um grande amigo que mora lá e fomos especialmente convidados para passar o feriado na casa dele. Éramos um grupo de cinco amigos. Piscina, churrasco, sol (que não estava fazendo aqui), cerveja, muita cerveja (para eles, claro) e boas gargalhadas. O dia passou tão rápido quanto pudemos sentir e, à noite, ah, à noite, a gente sempre vai para um bar!! Não faz parte dos planos de Belchior fechar um dia tão delicioso sem um barzinho, para ele tomar mais umas cervejinhas com os amigos!

Lá fomos nós para um barzinho bacana, com música ao vivo (perigo à vista, senti) e um cardápio enorme de escolhas de bebidas! Entrei no clima, me empolguei, que mal tem? Vou pedir um frozen geladinho para comemorar. Belchior, querido, pede um frozen de limão para mim? “Claro, amor! Graçom, faz um frozenzinho especial para ela?”. Gritei logo: Com pouco álcool, tá. Ele cochichou algo com o garçom e o mesmo saiu rindo à toa!

Belchior, o que houve? Ahahahaha, ele ria e ria. E os amigos dele também. Aí, doce e inocentemente ele me disse que pediu ao garçom para caprichar no álcool porque era a primeira vez que estava saindo comigo e queria me comer!! Gente, não acreditei!! Presságios de que a noite seria inesquecível.

Quando o garçom voltou, falei logo: Aqui seu moço, ele ta de sacanagem, tá, já somos casados (mostrei a aliança) e isso ele já fez há bastante tempo!! Blechior é louco mesmo (mas eu amo as loucuras dele, confesso) e a saga do frozen foi grande. Tá ruim, troca, ta mais ou menos, chama o maitre, faz o cara beber e realmente sentir que não estava bom. Belchior se levantou e foi ensinar o barman a fazer do jeito que eu queria o frozen. E assim foi.

Eu observava que ele passava em frente ao palco toda hora, sentia calafrios, o show era de rock e muito pouco de MPB. Até que ele parou em frente aos caras e falou, e pediu, e pediu de novo e voltou. Não deixaram ele cantar. Ah, querido, deixa para lá, curte aqui, esquece isso de cantar. Mas era em vão. Ele não se conformava! Mais uma cervejinha e...

Eis que foi lá de novo. Aí a banda parou. Ele subiu ao palco. Fiquei vermelha. Ainda bem que estávamos longe, né. O cantor anuncia: “Pessoal, o cara aqui quer contar uma piada! Vamos ouvi-lo”.

O que??????????????? Ele tinha passado dos limites!! Gente, ele vai contar uma piada!! Nem os amigos dele acreditavam. Meu Deus! Queria me enfiar embaixo da mesa!! Todos olhando. O bar parou.

E ele pegou o microfone e começou a contar a piada. E fazia gestos. A piada era meio pornográfica. E ele falava tudo nos mínimos detalhes. Sem medo. E eu queria sair voando dali. E as pessoas acompanhando. Os amigos rindo e eu desesperada.

Até que a piada acabou. E ele foi aplaudido. Até os garçons pararam para ouvi-lo. E ele voltou para a mesa todo bobo, feliz, realizado! Tivemos que aplaudir também, né. Até porque a piada era boa! Inacreditável!

Logo depois ele chamou o maitre de novo. Disse que fazia shows de piada no Rio. Que já tinha se apresentado no Vivo Rio num show de 125 minutos. Eu precisava de mais o que?? RS Daqui a pouco veio um dos garçons acompanhado de outro. E pediu para ele repetir a piada porque o cara não tinha entendido! Ai, pronto!!! O meu showman estava mais do que realizado!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O ídolo


Preciso explicar algumas coisas desse blog! O meu Belchior é apaixonado pelo cantor Belchior. Eu não sabia disso, claro, quando o conheci. E fiquei chocada, confesso. Como alguém de 20 e poucos anos pode gostar de Belchior? Fala sério! Tão estranho, tão fora de moda, tão sei lá!! Antes, não tinha ouvido falar quase nada desse cantor, até porque ele está sumido há alguns anos e, convenhamos, eu sempre fui mais do samba, do hip hop, da MPB moderninha, da noitadinha! Nada dessas coisas muito antigas e meio estranhas me fascinavam. Mas o meu Belchior, além de louco por cerveja, é louco pelo cantor Belchior. Nas primeiras vezes que saímos juntos ele me perguntava (sempre, diga-se de passagem): “Você gosta do Belchior? Ele tem a música mais linda do Brasil: “Como nossos pais”. Não é da Elis, é dele”.

Eu achava que não passaria disso, cheguei a comprar numa promoção das lojas Americanas um cd com as melhores músicas do cantor Belchior de presente para o meu Belchior. Mas isso era pouco para ele. O meu Belchior queria cantar e cantar Belchior, em todos os lugares que ele tivesse, em todos os shows que nós fôssemos, em todos os Karaokês da vida!!

Ele sempre gritava: “Toca Belchior”! E eu queria sumir, né, de vergonha! Querido, estamos num show de rock, ninguém tocaria Belchior. Mas ele não estava nem ai! Se alguém desse trela, ele subia ao palco e mandava ver!! Até que o meu Belchior canta bem, tem uma voz grave e tem jeito para a coisa! Porém, numa noitada pedir pra cantar, ainda mais Belchior, era demais!

Foram vários lugares que fomos, que, de tanto ele pedir, as pessoas o deixavam soltar a voz no palco. E ele cantava, cantava (sempre com a cervejinha na mão, obviamente) e descia satisfeito do palco, muitas vezes, aplaudido (não só pela boa cantoria, mas pela coragem)!!

Todos os meus amigos se divertiam muito com isso. Era sempre a mesma loucura. Até que fomos num show de uma banda completamente roqueira. E os caras, depois de muita insistência, deixaram ele subir no palco e cantar solo, sem acompanhamento, a música mais bonita do Brasil: Como nossos pais. Todos em volta perplexos!! E ele cantou! E foi aplaudido! E eu quase morri de vergonha! RS

No dia seguinte, assistíamos ao Fantástico, felizes da vida, quando foi noticiado que um cantor havia sumido sem deixar rastro. Jamais esperávamos que fosse o cantor Belchior, mas a realidade com o meu Belchior foi violenta!! Ele ficou branco, triste, decepcionado! O que havia acontecido com o cantor predileto dele?!!! E agora? Fiquei comovida com a história também. Não se passaram dois minutos para o telefone do meu Belchior não parar de tocar com seus amigos, com os meus amigos ligando por solidariedade ao desaparecimento do seu ídolo!

Mas o meu Belchior logo se recuperou. Disse que não cantaria mais Belchior nas nossas saídas porque agora não tinha mais graça!!!!!!! RS O cantor Belchior ficou famoso demais com o sumiço! Fazer o que, né! Meu Belchior também é um artista e artista sem diferencial no seu repertório não tem graça!

Agora a onda dele é subir nos palcos e contar piadas! Essa fica para a próxima.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Entrevista


Precisávamos agilizar tudo rápido. A fila de espera pelo apto era grande e Belchior tinha uma viagem de trabalho marcada. Ficaria uns três dias fora. Ou seja, eu teria que agir a papelada burocrática sozinha nesse momento. Reuni algumas coisas com ele no fim de semana e estava a postos para ir ao banco resolver assim que a corretora ligasse.

Recebi a ligação logo pela manhã da segunda-feira e pronto! Entrevista com o barco marcada para HOJE!! Ai meus sais. Saí correndo! Ansiedade, preocupação, inquietudes. Estamos fazendo a coisa certa? Claro, vamos nessa, Casadona! Pensava eu cá com meus botões no trajeto.

Liguei para uma amiga e ela foi me encontrar, ou melhor, me salvar da minha ansiedade! Rimos, esperamos, conversamos e .... “Senhora Casadona? Vamos lá”? Claro, vamos!

A burocracia é inevitável, né. Pesquisam até a sua alma, querem saber tudo da sua vida, do seu passado, das suas contas, da vida da sua família! Falei tudo, tudo certo comigo, mas “e o Belchior, senhora Casadona”? Ah, ele tá viajando a trabalho, mas eu trouxe tudo dele aqui na minha pastinha! “Ok, vamos lá então”!

Nome completo, idade, nascimento, CPF (tá aqui a cópia, moço), identidade (idem), contra-cheque (tá aqui), certidão de nascimento (ok). “Empresa que ele trabalha, senhora”. Ah, isso eu sei também. “Telefone do trabalho?” Como? “O telefone fixo dele, senhora”. Ih, moço, peraí. Não sei não. “Ok”

Belchior, qual é o seu tel do trabalho? Ah, tá, anota ai moço. Beleza.
“Endereço do trabalho”? Shii, moço, tenho que ligar de novo. Belchior, o endereço agora. Ta ótimo, beijos.

“Endereço de casa. Conta no banco”. Perai moço. Oi Belchior, sou eu de novo. Ajude-me a preencher tudo aqui pelo tel com o moço? Tem muitas coisas que não sei... RS
“Outras empresas que trabalhou? Fundo de garantia”? Blábláblábláblá

E assim ficamos por cerca de uma hora ligando e desligando com Belchior. O moço do banco perguntava as coisas mais triviais da vida dele e eu não sabia!!! Cômico para não dizer meio trágico!

Ao final, o moço do banco perguntou: “Desculpe perguntar, senhora, mas vocês estão juntos há quanto tempo”? Ah, moço, não se assuste, mas há 4 meses! Silêncio!

Gente, o cara ficou branco, pálido e disse: “Nossaaa, e já estão comprando um apartamento”! Pois é, né, moço, a vida é muita louca mesmo e blábláblá...

“Bem, melhor que a história de vocês, só a de um amigo meu. Ele casou e comprou casa com dois meses de namoro!”

Ah tá, menos mal! Não conseguimos resolver tudo da burocracia naquele dia, mas pelo menos fiquei mais tranqüila. Seu moço do banco, ao me contar a história do amigo, aliviou minhas inquietações! Se alguém casou com 2 meses, os meus 4 não são nada!!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O apartamento


Voltamos das férias com a certeza de que éramos feitos um para o outro. Começamos a olhar as coisas para o casório. Mas a grana era pouca e tínhamos duas opções: fazer festa e blábláblá ou tentar comprar algo para morarmos. Ficamos com a segunda opção, claro.

Tá, estava super cedo e tal, mas falamos com algumas pessoas e marcamos de ver uns apês. De bobeira, aquela coisa, só olhar. Marcamos sábado, às 9 da matina. Na véspera, levamos meu irmão para o aeroporto e, para fazer aquela horinha, nada melhor para Belchior do que tomar uma cervejinha e ficar jogando conversa fora. Conclusão: ele bebeu até às 5 da manhã e não queria ir ver o apartamento de jeito nenhum!! Mas eu sou insistente e fiz ele acordar. Chegamos atrasados, olhamos um que não nos agradou muito e a corretora (muito simpática e feliz) perguntou se não queríamos ver um outro apê ali do lado, que tinha entrado hoje na loja, ela ainda não tinha visto e tal...

Belchior de má vontade, doido para voltar a dormir. Eu, insistente. Fomos lá. E quando entramos.... TUDO QUE QUERÌAMOS! Parecia um sonho, gente, era tudo que queríamos, grande, espaçoso, reformado, com varanda (meu sonho, meu sonho!), quarto grande, suíte, armários, cozinha preta e branca! Puta que pariu, Deus ouviu as minhas preces, cozinha preta e branca é tudo!!!), área enorme atrás, um escritório (cacete, como puderam acertar tanto), no bairro que eu queria e, o melhor: o PREÇO!!!!!

Depois de ficarmos cinco minutos sem nos falarmos, olhando pela segunda vez o apto, a corretora disse: “que tal irem lá na loja e já reservarem”? Fiz uns cálculos rápidos (gente, eu tinha como!!), Belchior me olhou assustado e ai, e ai??? O que vamos fazer? Dona corretora insistindo: “gente, passamos na frente de um casal que o corretor teve problemas de manhã. Eles estão desde cedo lá na loja esperando. Eles vão reservar. É melhor reservar, dá um cheque calção”!!

Belchior embarcou na empolgação e eu também. Fomos lá, deixamos reservado!! Cacete, compramos um apto juntos. E agoraaaaaaaaa????? É, teríamos que casar, juntar, sei lá!

Chamamos algumas pessoas de confiança e levamos lá no apê à tarde. “Vale a pena”? Perguntávamos. “Vale a pena!”, todos diziam. “Mas vocês têm certeza? Tá muito cedo, gente. Como vocês vão casar com 4 meses”? Sei lá, somos loucos um pelo outro, uai!! A verdade é que nunca nessa vida tinha me sentido tão tranqüila para tomar uma decisão (e olha que sou libriana, não decido nem o que quero comer). Era isso que eu queria. Por que as pessoas ficam presas a números, tempo? Deixem a gente ser loucos, quem nunca viveu uma loucura?

E agora, Belchior? Liga para sua mãe e avisa que compramos um apto! Ela vai querer me matar (ai meu Deus, eu realmente pensava nisso, nas críticas, mas eu estava tranqüila, feliz. Seja o que Deus quiser!). Acho que foi a ligação mais longa, mais tensa, mais estranha que acompanhei ao lado de alguém.

“Oi mãe, tudo bem? Que bom! Estamos bem. Aqui, preciso te falar. Casadona e eu compramos um apartamento. É um investimento, né. Eu nunca consigo juntar dinheiro mesmo. Não, mãe. Não vamos morar lá agora. Mas a gente quer casar mesmo. Não, mas é só mais para frente, claro. Só fizemos um investimento. Fica tranqüila. Eu sei, mãe, eu sei. Ta, ta bom, Chama meu pai ai. Beijos”.

E, ai Belchior? Ela me odeia? Não, amor, que isso! Só acha que não devemos ir tão depressa. Claro, ta certa, né, Belchior. Mãe é mãe.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A família, o enterro e a viagem


Começar uma relação já é difícil por si só. Conhecer, conquistar, respeitar, entender, conviver, aceitar, retrucar, batalhar pelo seu espaço e etc. Mas nós, eu e Belchior, Belchior e eu, iniciamos sem grandes problemas. Tínhamos apenas um desejo: a alegria. Ele é uma pessoa incrível, alegre, conquistador, envolvente, louco de pedra, possui um fã clube enorme, amigos de infância, da terrinha. Eu estava num momento mais frágil, por ora um pouco triste, mas com uma vontade enorme de ser feliz, curar minhas feriadas da alma, superar, resolver as coisas, viajar. Dessa mistura só houve o melhor: momentos adoravelmente felizes, gostosos, com amor, sintonia e alegria.

Mas, família é aquilo, né. Não se acostuma com as trocas. A família de Belchior não queria me conhecer. Ao contrário da minha, que se encantou rapidamente por ele e o recebeu de braços abertos (eu precisava ser feliz e se ele estava me fazendo bem, todos amaram). Pois bem, eu também não estava muito receptiva. Resolvi manter distância até o momento que fosse inevitável. Até que o Natal chegou e fomos para a terrinha dele. Belchior insistiu na minha ida e fui sem medo. Passei 4 dias na terrinha, convivi com a família, que, aos poucos, foi me recebendo cada vez melhor. Hoje só tenho a agradecer. Mas os dias lá não foram tão agradáveis assim: levei comigo a enchente (RS) e, de quebra, no dia do aniversário da sogrinha, a avó dele, que estava nas últimas, faleceu. Conclusão: passei o último dia da nossa estadia no velório.

Mas tudo bem. Belchior tinha planejado uma viagem com a ex para Natal e Fernando de Noronha. A viagem dos meus sonhos e dos sonhos deles tb! rs Mas ele estava com as passagens de Natal compradas e uma era nominal dela. A situação foi engraçada, mas decidimos manter o roteiro dos moços e embarcar no fim de ano de cabeça na viagem!

Só tínhamos um problema: adequar a passagem para meu nome. Como as companhias aéreas são complicadas e não aceitam a mudança de companheiro (deveria existir algo nesse sentido, né. E se terminar, descasar, desvirtuar? Eu hein, essas coisas acontecem RS) e ele comprou as passagens na promoção, precisávamos correr contra o tempo para irmos juntos e tentar conseguir mudar os nomes. Depois de tentativas inúmeras, apelamos para o nosso agente de viagens que conseguiu, enfim, passar para o meu nome, com o seguinte argumento: “Solicito mudança da fulana de tal para dona casadona, pois a fulana de tal encontra-se sob cuidados médicos sérios. A mesma está com hepatite”. Fiquei por um tempo me sentindo meio culpada, que coisa estranha, será que precisávamos dizer isso? Mas só assim a companhia aérea aceitou. Tínhamos que usar um argumento forte. Vai entender.

Pronto! Resolvemos tudo e embarcamos rumo à viagem dos sonhos! Foram 10 dias de muita alegria, experiências, romantismo e voltamos decididos a juntar os trapos! Rápido? É, foi mesmo. Tínhamos apenas 3 meses de história.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Grande Encontro
















Tudo começou assim. Eu numa noitada meio down, com cicatrizes fortes de uma perda irreparável e um chute na bunda num momento péssimo, tentando catar meus cacos e me divertir um pouco. Ele totalmente bêbado, descompromissado, chegando em todas. “Na minha terra não tem isso não, hein”, gritava ele para as outras que tentava pegar. Belchior é um cara legal, envolvente e com poucas palavras me fez sorrir (coisa que não acontecia fazia um tempinho). Chegou em mim pelo cabelo curto (essa é boa), dizendo que o sonho dele era casar com uma mulher com esse cabelo. Quase dei na cara dele...rs
Mandei-o passear, pegar outra, que não tava afim, mas o destino o fez pegar meu telefone e ....ahahahaha, lá estávamos nós saindo juntos três dias depois da night!

Tá, eu achava que seria um fiasco, detesto coisas marcadas, mas o que seria isso depois de todos os fiascos que estava passando? Confesso, adorei. Belchior me levou no papo tão fácil quanto ele jamais podia imaginar. Eu sabia disso, queria ser levada mesmo. E daí? Mas ele me enganou, tinha namorada (e isso eu não admitia), mas só descobri depois que estava caidinha. Tudo bem, ele terminou para ficar cmg, compramos um apartamento com 4 meses de namoro e casamos com 8 meses. E depois de um ano e dois meses juntos, temos muitas histórias regadas a cervejas!

Eu não bebo e detesto cerveja. Mas fazer o que né. Belchior ama uma gelada, em qualquer momento. Ele não é alcoólatra, mas a degustação dessa relação é a base de muita cevada, risada, futebol e amor, claro.