quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alma em prosa


Voltei do Carnaval, esse período de descanso e folia, e me animei. Estou animada com as possibilidades de um ano de conquistas, de alegrias, de amor, de gentileza. Eu cheguei aqui no escritório com uma sensação boa, com energias vibrantes e muitas ideias na cabeça. Quando você curte o que você faz, embora tenha muitos percalços pelo caminho, as soluções se tornam mais fáceis.

Ainda que esse 'gás' tenha me tomado como um todo, recebi uma notícia que me deixou triste e pensativa. Com certeza vocês podem estranhar esta comoção de minha parte. Mas ela é real. O chefe dos porteiros do prédio em que trabalho faleceu. Seu Joaquim.

Nós viemos para este prédio no meio de 2011 e, durante todos os dias (todos mesmo), eu chegava na fila de espera do elevador e era recebida com um sorriso e um bom dia do seu Joaquim. Fazia chuva ou sol, ele sempre fazia questão de me cumprimentar. Sem saber quem eu era, de onde eu vinha, para onde estava indo. Simples, singelo. Pura gentileza, simplicidade e carisma. Quando estava longe, acenava com a mão. Traduzia em gestos seu bem querer. E isso não era só com a minha pessoa diretamente. Era com todos.

Seu Joaquim fará muita falta nas manhãs de quem chega a este prédio. Lamento muito que mais uma alma caridosa e gentil tenha partido. E olha que estou ficando escolada nesse quesito. Perdas já me feriram demais. Mas não me permito ser indiferente a elas. A morte de alguém, mesmo não muito próximo, ainda toca demais o meu coração. Não serei inerente à falta que pessoas de bem fazem nesse mundo tão difícil, intolerante e individualista, onde as pessoas estão mais interessadas no seu próprio umbigo. E, cada dia mais, comprovo essa situação. A gentileza, o carinho, a doçura estão se perdendo em meio aos nossos mais sérios e triviais dilemas pessoais.

Faço um trabalho interno diário, porém sei que às vezes não funciona como deveria. Mas tento não trazer da rua os problemas, as decepções, as adversidades e tristezas lá de fora. Deixo na porta da minha casa, do meu lar, da minha paz e alegria o que não me fez bem durante os dias. E rezo para que pessoas como minha mãe, minhas avós, meu avô e seu Joaquim possam transmitir essa gentileza e serenidade aos pobres de nós, egoístas, habitantes deste plano de vida. Não sabemos o que nos espera do outro lado da existência...

Eu sou da tribo que aplaude o sol nascer, que dá valor aos pequenos gestos, que tenta, ainda que com falhas, transmitir e retribuir as gentilezas. Sonhadora, idealista, romântica? Talvez, é provável que sim. A decepção é quase certa, mas nada melhor do que a possibilidade de fazer o bem. Talvez o meu ‘bom dia’, proferido a todos em todas as manhãs, leve um pouco de energia e paz de espírito para pessoas que, assim como eu, recebiam isso do seu Joaquim. De coração aberto.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sim ou não, eis a questão!


Eu não sei se é a era balzaca chegando ou se algo dentro de mim realmente está mudando, mas resolvi empenhar-me em começar 2012 com um pouco mais de leveza na minha vida. São tantas cobranças de todos os lados que deixamos de viver com aquela paz de espírito que o começo de qualquer etapa, principalmente a de um novo ano, nos traz.

Eu sempre oscilei entre o meu desejo verdadeiro e aquele que a vida me cobrava, tanto nas inevitáveis rotinas desse cotidiano louco quanto na parte do meu convívio social. Tenho aprendido, cada vez mais, que não é errado dizer não para as pessoas quando não se está afim de fazer algo, de ir a algum lugar e etc. Esse paradoxo de ter que ser a pessoa mais presente, conselheira, amiga, amorosa, sensata, otimista e tantas outras coisas que estão atribuídas como ‘certas’, não estão mais me segurando nas minhas atitudes quanto antes. Agora quem decide a minha vida, por favor, sou eu.

Apesar de toda essa radicalização no meu modo ‘exclusivo’ de conduzir as coisas, ela não se basta em todas as situações. Sempre fico entre a cruz e a espada, com o coração na mão, com o sentimento triste na hora de tomar certas decisões e ter que assumi-las. É claro que gostaria muito de me multiplicar e estar em todos os lugares, com todas as pessoas, dividindo todos os momentos, ouvindo todos os problemas, tomando todos os drinks. Fico até bem feliz e muito realizada por ter uma agenda de encontros e eventos cheia, mas preciso aprender a dizer não nos momentos em que realmente não queira ir, não queira fazer, não queira escutar, não queira me divertir. E dizer esse ‘não’ tranquilamente, ele tem que soar natural, sem cobranças e sem medo.

E quem ouvir este não tem que ser capaz de encará-lo como um não simples como ele é, não vai dar, não posso ou mesmo não quero. Não há mal nenhum em não querer ir naquele encontro com todos os amigos. Não é nada demais você querer ficar em casa, curtindo a sua vibe sozinha, não é crime não ir a um aniversário, não é nenhum pecado mortal recusar uma conversa. Isso não significa que não gosto das pessoas, que virei um ET de Varginha, uma mulher sem princípios, uma pessoa com nariz em pé e que ninguém vai gostar mais de mim por isso.

Todo esse questionamento vai direto e reto para mim mesma, por favor, caros apreciadores deste blog. São apenas elucidações e questionamentos de uma cabeça pensante sem fim, de uma libriana nata, sensível, pensativa, que luta para ter seu equilíbrio emocional, de uma quase 30 beirando uma certa ‘maturidade’ se que é podemos colocar as coisas assim...

O dia em que eu conseguir conquistar essa plenitude: a de tomar certas decisões sem me sentir culpada, a de não estar afim, ora bolas, de conversar, de ser a conselheira, de ser a pessoa que tudo ouve, faz, dança, canta, rebola, serve café, equilibra prato, assovia e chupa cana, muda os planos, que agrada, desagrada e etc, acredito que serei uma pessoa melhor e mais disposta a estar de corpo e alma envolvida com tudo e todos no momento que EU DECIDIR ESTAR! Bem, estou na luta e vamos que vamos!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A brincadeira "nua e crua" do Mira's Christimas


Tô mega atrasada aqui neste post do amigo oculto, mas vamos lá. Farei um resumo rápido do que rolou.

Bem, o amigo foi assim:

Belchior (que estava com uma camisa horrorosa de escola pública, que ele comprou na Uruguaiana e colocou só para me irritar rs) tentou descobrir primeiro quem o tirou. Foi a S., que recebeu, coitada, uma enxurrada de coisas sem noção, principalmente do F.F., do tipo: quem te tirou é uma besta, que quase matou o MJr do coração.

Depois foi a vez da S. descobrir que quem a tirou foi a S., namorada do A.X.. Ela ouviu de tudo, até que tipo de cor é o p. de seu parceiro, se é rosa, que é funkeira, que come de tudo...afff!

Depois, foi a vez da S. descobrir quem a tirou e, como fui euzinha da silva, até fiquei bem satisfeita, pois disseram que se eu não fosse jornalista, seria estilista, que a marca que me define é Prada, Gucci, nossa! Não sabia que eu era tão bem vista assim! Fazendo uma análise mais fria da situação, estavam dizendo que quem sentava na cadeira para adivinhar tinha uma certa amnésia na hora H. Portanto, eu acho que a S. estava meio assim, pois ela nem se deu conta da dica mais fácil sobre mim que era: que animal eu seria? A resposta foi unânime sobre o tubarão e ainda assim ela não desconfiou! Rs

E lá fui eu sentar no divã e tentar acertar quem me tirou. As perguntas falham nessa hora realmente, inclusive a sua criatividade, mas sabendo que meu amigo era um limãozinho, que o livro que o definia era “Por que eu?” e “Quem roubou meu queijo?”, dicas valiosas do casal L. e D., foi fácil. Mas estava gostando da brincadeira e quando ia entrar totalmente no clima, o B.L. se entregou para cortar ainda mais explanações sobre sua personalidade! Totalmente ele, puro no palito.

B.L. sentou-se na cadeira mágica e demorou a descobrir que a L. havia o tirado. Esqueceu da dica preciosa sobre o time dela, o Botafogo. E a deixou magoada quando o chamou de outro jogador que não era o Louco Abreu. Nesse meio tempo, estávamos todos imbuídos em deter a voracidade e desatino do nosso amigo F.F., que estava impossível. Juntou com o H. dela T. e essa mistura só poderia dar em vários momentos de quase estragarem a brincadeira, soprando dicas, e, claro, muita gritaria!

Foi a vez de L. tentar descobrir o amigo oculto que todos lá em casa vibravam. Falaram de animal, filme pornô, meninas da vida e tudo mais, deixando fáceis as dicas, mas ela ainda virou duas vezes a cervejinha por ter falado a pessoa errada. Também com uma gangue dessas, qualquer característica se enquadrava, né! Por fim, o felizardo foi F.F., que caprichou no presente: um porta-retrato lindo para a futura casinha dela e do D!

F.F. se sentou e descobriu, demoradamente, que quem o tirou foi a G. Acho que neste momento sua ‘consciência’ já estava entrando em declínio com tanto alvoroço que ele e o H. dela T. arrumaram! RS

Aí foi a vez da G. participar da brincadeira, sentando-se na cadeira feliz e tentando descobrir quem, quem, quem havia sido seu amigo oculto! Antes dela entrar na sala, pois tinha que ficar escondida até que todos soubessem quem era, foi uma festa! Era a revanche, pois o cara era o P.S., com fama de zuador e fofoqueiro...(Só estou reproduzindo jornalisticamente o que escuto, ok?). A melhor da noite foi o termo empregado em algum momento da charada: pedrófilo. Aí ela matou na hora!

Ahhhhhhhhhhhh, e quem tirou o P.S.???? O mais animado e dedo duro do jogo, não contavam com a astúcia do homem mais louco de todos os tempos, ele mesmo, em carne e osso, H. dela T! Caprichou no presente e causou inveja aos amigos cervejeiros com sua cesta de cervejas importadas!

H. dela T. não tardou para descobrir que sua amiga oculta, a N., coitada, teve até que ouvir que era devassa (RS). E na hora da N. descobrir quem a havia tirado, o ciclo fechou com ela matando a charada de que era o Belchior, o depravado, tarado, que se tivesse que ser um filme, seria pornô. É mole ou quer mais? Rsrsrs

Então, tivemos que recomeçar a brincadeira com o MJr sentando no divã e descobrindo que quem o tirou foi o D.S., marido da G., que se empolgou em responder as perguntas sobre ele mesmo, sem se dar conta disso. Falou até que o animal que o definia era o bicho preguiça! Esqueceu que a bola da vez era ele mesmo.

Depois foi a vez do D.S. tentar descobrir seu amigo oculto e aí o bicho pegou! Todos foram ao delírio tentando zuar o A.X., que estava até quieto no começo da festa, mas na hora de entregar o presente veio com uma de suas pérolas e deu um porta latas em forma de pênis para o D.S.! Claro que o adereço virou a sensação da festa, mas a G. não deixou o seu marido levar a prenda! Resultado: o pênis anda circulando lá em casa até hoje...

A.X., ao sentar no divã, e já com o amigo oculto caminhando para o fim, acertou que a T. tinha o tirado e ganhou uma camisa maneiríssima do Brasil. T. sentou no divã e descobriu que quem a tirou foi o D., da L, que reclamou desse amigo oculto o tempo todo, mas se entregava em suas gargalhadas e animação (as fotos comprovam RS). No fim, rendeu-se ao divertimento e me disse que adorou!

D. descobriu que quem o tirou foi H.F. que não é F. (RS) e que fez o favor de dar de presente ao D. um DVD do Eduardo Dussek. Claro que o D. amou e tivemos que assistir o show depois que a brincadeira terminou. Coitada da L. que está tendo que assistí-lo todos os dias, né, amiga? RS

Para fechar o Mira’s Christimas, H.F. emprestou todo seu talento de ator e imitou com uma atuação exemplar o MJr, que o tirou, num antigo e revelador Carnaval em Conceição da Barra, numa vibe para lá de esquisita...

E, assim, deixamos marcado para dezembro de 2012 mais um Mira’s Chritimas. F.F. e H. dela T. que tomem cuidado, pois foram ameaçados de ficarem fora se tiverem mau comportamento durante este ano!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mira's Christimas - parte 1


Preciso começar esse texto sobre o Mira’s Christimas com uma menção especial e honrosa ao casal que esqueci de mencionar no último texto! MJ e S., super especiais, que estão noivos e gosto tanto! Mil desculpas, casal, pela minha falha grave! Prometo ser mais cuidadosa nos próximos posts!

Bem, vamos começar do começo. RS Saí do trabalho ansiosa e animada para o nosso evento! Afinal de contas, tinha preparado o pouco que fiz com muito carinho. Depois de alguns anos desanimada para o Natal, acho que, enfim, estou caindo nas suas graças de novo, feliz por compartilhar com pessoas queridas, momentos deliciosos. Nada do que o velho e o bom tempo não consegue resolver nas nossas vidas.

Continuando, achei que fosse chegar em casa e teria um tempinho de organizar as coisas, fazer meu ritual louco de cheiros, espalhar pelos ares meus 30 e poucos (brincadeira) cheirinhos para que todos pudessem sentir-se num ambiente gostoso. Abro a porta de casa e, Belchior, sentado na varanda, já estava acompanhado de F.F., rindo à toa, com seus respectivos copinhos de chopp nas mãos. OBS: Será que, neste ritmo, a chopeira, com capacidade para 220 chopps duraria a noite toda?

Tratei de me arrumar e, quando saí do banho, tratei de fazer meu ritual de cheiros na frente do F.F. mesmo, que me olhava espantado e comentava: “Essa menina não bate bem não. O que é isso?”, perguntava ele a mim, enquanto borrifava o cheirinho na cortina. Não precisou de muito tempo para que a turma chegasse, engatasse nas conversas e se sentisse à vontade. De prima e em paralelo, já tomei um puxão de orelha de S., noiva de MJ, sobre o lapso no blog. Fiquei realmente sentida...

Entre um ‘esquenta salgado’, ‘coloca a pizza no forno’, ‘sai o chopp’, ‘come uma bolinha de queijo’, ‘ri’, ‘fuma’ e ‘tira foto’, eis que todos estavam reunidos para, enfim, começarmos o nosso amigo oculto.

A ‘porrada’ já comeu no início e foi difícil organizar as 15 ideias, sugestões, críticas e descontentamentos para chegarmos a um acordo amigável sobre a forma da brincadeira. Como boa anfitriã, prevaleceu a ideia que eu tinha conhecido há pouco tempo e tinha certeza de que, no fim, todos adorariam.

Não sei se vou conseguir explicar aqui, em palavras, mas funciona mais ou menos assim: o grupo elege uma pessoa para começar a brincadeira. Até aí, nenhuma novidade. A pessoa eleita segue para se esconder em algum local. Quem a tirou levanta a mão e se apresenta para o resto do grupo. A pessoa eleita volta, senta numa cadeira e, aí, começa a brincadeira. O eleito tem que adivinhar, através de perguntas direcionadas ao resto do grupo, quem o tirou. Não valem perguntas diretas, como: é homem ou mulher, que time torce e etc. O grupo pode e deve blefar para a descoberta ficar mais ‘interessante’. O legal é que você descobre quem te tirou e não faz discurso para quem você tirou.

Bem, o eleito foi Belchior, que se escondeu e voltou para começar a rodada de perguntas... Preparem-se para o próximo post!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Mira's Christimas




Vamos começar hoje sem esse meu papinho furado de que vou escrever sempre aqui. Estou há meses sem dar um ar da graça sequer e vocês não merecem as minhas justificativas vãs. Portanto, é Natal e estamos quase chegando lá, no dia tão especial. Li uma frase ótima hoje: o ano passou tão rápido e o Natal não chega nunca. Como o Natal chega para mim em setembro, já estou de saco cheio de escrever, comentar, comprar presentes e, principalmente, do Papai Noel. Se não bastasse escrever sobre tudo possível e imaginável para meus três shoppings, ainda fui para São Paulo entrevistar mais três Bons Velhinhos para o jornal. E também as pautas que chegam para mim sobre eles: querem medir o tamanho da barriga; querem filmar a conversa deles com as crianças, se a barba é verdadeira e etc! Afff!!! Só falta pedirem para medir o tamanho do bilau dos velhinhos!!! Sentiram o meu ódio, né.

Blábláblás à parte, não posso evitar a ‘magia’ desta época natalina com vários encontros e reencontros com pessoas queridas, confraternizações e etc. Por isso, escrevo para informá-los de que hoje, dia 16 de dezembro de 2011, teremos a honra de celebrar o Mira’s Christimas! Sim, caros amigos, um Natal da terrinha puro no palito, com direito a amigo oculto e tudo. O evento será lá em casa e eu passei a semana toda pensando, confabulando e arrumando as coisas, pois sou como Capitão Nascimento: missão dada é missão cumprida!

São 15 representantes sólidos da terrinha mais adorada e conhecida, aclamada e amada por todos os terrinhanos. Sintam a pressão: Casadona e Belchior; MJ. e S. (com uma retificação mais do que plausível); S. e A.X.; L. e D.; G. e D.; B.L. e N.; H. e T.; P.S. (participação especial depois do AI-5); F. e H. dela T. Até uma chopeira foi alugada para dar vazão as loucuras desse povo hoje. A chapa vai ferver!

Então, aguardem, pois na semana que vem teremos o prazer de trazer tudinho documentado para vocês sobre o Mira’s Christimas e seu amigo oculto (que já está dando o que falar). Bom fim de semana a todos e salve-se quem puder!!!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


Hoje, prestes a quase chegar aos 30 aninhos no dia 16, deixo o palco do blog para este texto ótimo que recebi.Vale a leitura!!!

Isso é vida, bebês! :-)


SOLIDÃO CONTENTE

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas

*por Ivan Martins

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre solidão feminina com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa, disse a prima. Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos.

*Ivan Martins é editor-executivo de ÉPOCA

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Então, já é Natal?


Já é Natal na Leader Magazine?! É verdade! Vocês repararam que faltam apenas três meses para o ano terminar? Estão com a sensação de que viveram cinco anos em um? Tenho feito uma reflexão séria durante esses dias e a coisa me veio com mais intensidade por duas razões principais: a primeira é porque eu trabalho com shoppings e para a gente já é Natal desde agosto. Todos os detalhes já estão definidos. Aff, e eu já estou alinhando minha estratégia de divulgação em setembro. Aliás, em alguns shoppings o Natal começa no final de outubro. A segunda coisa perturbadora foi a pergunta que minha amiga M. me fez no último final de semana: “E aí, amiga, vamos passar o reveillon aonde”? Oi?! Como?!

Se a sua resposta também foi parecida com a minha, estamos na mesma onda. Não faço a menor ideia e nem parei para pensar nisso ainda. O fim do ano é delicioso de se viver, com várias comemorações, planos e etc. Mas, sinceramente, o marco para pensar nessas coisas é depois do meu aniversário, no dia 16 de outubro (para aqueles que não sabiam, fica dica! RS). Mas ainda falta um mês! Ou seja, a cada ano, nosso fim de ano começa mais cedo. E com ele, os planos, as programações e definições. Afff!

Parei para pensar também em tudo que vivi em 2011 até agora e tentei elucidar o grande ‘mistério’ das minhas contas e gastanças, que foram excepcionais neste belo ano. E, aí, deparei-me com uma bela surpresa: simplesmente fiz tanta coisa bacana, vivi tantos momentos deliciosos, cuidei tanto de mim, me permiti viver tantas emoções como nunca antes na história da minha vida. O ano está voando não só pela correria normal, mas também pela intensidade com que vivi cada minuto dele.

Estranho chegar a essa conclusão aos 28 anos de idade. Talvez por uma certa maturidade, depois de tantas coisas ruins pelas quais passei, fique fácil chegar a conclusão de que, sem dúvida, foi o melhor ano da minha vida! Não porque já não tenho mais a responsabilidade que tinha quando cuidava da minha avó ou mesmo por estar mais madura em relação à falta absurda que a minha mãe faz no meu eu interior, mas por ter me permitido viver. Simplesmente e plenamente. Sem medo, sem hora, sem estresse, sem preocupações. Viver apenas por viver. Um dia de cada vez. Uma hora após a outra. Sim, caros apreciadores, quantos de nós já se permitiram levar a vida deste jeito?

Pode ser que eu tenha sido ‘privilegiada’ em ter esta percepção. Quantas conquistas tivemos, quantas coisas realizamos, quanto tempo perdemos, ou ganhamos, quantas apostas, quanta diversidade? Sabemos contabilizar? Sabemos valorizar? Acho que eu não sabia. Realmente parece que vivi cinco anos em apenas um. Mas com humildade, com sabedoria. Fiz dos meus momentos mais tristes e íntimos uma escada para o aprendizado. Chorei sozinha. Não pedi ajuda. Detalhei cada inquietação de minha alma. Aprendi a respeitar. A ficar só, a me amar em silêncio, a perceber em mim uma pessoa legal para eu mesma conviver. Caí, levantei, suei a camisa, fiz coisas que jamais imaginei, me envolvi com obra, com mudança, com uma nova empresa, com administração, com novas emoções, com o sentido da vida, da perda, do resgate.

Tive a oportunidade de aprender. Com erros, acertos, contas, gastos, alegrias, encontros, desencontros, despedidas. Viajei muito, realizei sonhos, valorizei minha saúde, mudei meus hábitos, minha maneira de vestir, de pensar, de agir. Duas viagens internacionais, dois shows internacionais, Rock’n Rio, Bienal do Livro, gastos com saúde e falecimento, burocracias, programas caseiros, rueiros, ri à toa em casa, fiz muitas palhaçadas com meu marido, brigamos muito, fizemos muitas pazes, ficamos muito juntos, ficamos muito distantes.

Está sendo um ano de muito valor, de muito aprendizado, de muitas experiências, de muita coisa boa, muita coisa ruim. Mas o saldo é infinitamente positivo. Bem, era isso. E vocês? Já pensaram aonde vão passar o réveillon? Rs