segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Belchior em Pesqueira - o segundo dia


Bem, preciso começar a história do nosso segundo dia em Recife respondendo algumas dúvidas sobre o dia anterior! Caros apreciadores deste blog, a questão é que não, não sabemos se nosso amigo RT encontrou com sua rapariga na pracinha da Boa Viagem. Ele saiu do bar cedo. Mas eu já havia alertado de que seria impossível descobrirmos se ele tomou o bolo ou não. Ele nos disse que chegou ao hotel, tomou banho e acabou cochilando, perdendo assim a hora do encontro... Quando iremos descobrir a verdade? Jamais! O fato é que, para quem só pensa em mulheres, o primeiro dia já havia passado e ele ainda não tinha pego ninguém!

Ok, voltando à história de nós dois, três, todo mundo junto, no segundo dia, acordamos na correria, arrumamos as malas novamente e partimos para o encontro com a galera para pegar nosso busão e ir rumo a Pesqueira, nosso principal objetivo da viagem!

RT foi conosco e, aos poucos, a galera foi chegando. C, irmão mais velho de Belchior e sua esposa C., G., R., Casadona e Belchior! Entramos no busão e seguimos viagem. Teríamos mais ou menos 3 horas e pouca para dividirmos as expectativas, contar os causos do dia anterior e, enfim, chegar ao agreste de Pernambuco! Oba!

Não deu três minutos de pé na estrada e Belchior e RT (vão gostar de falar assim lá longe!!) já estavam lá na frente puxando prosa com o motorista. Marquinho Garanhuns, como ficou conhecido, logo rendeu-se às fanfarrices dos garotos da terrinha. Garanhuns porque ele é de lá, da terra do nosso Presidente Lulinha da Silva.

Marquinho Garanhuns virou atração da nossa viagem. Belchior, curioso como ele só, queria saber de todos os detalhes históricos e geográficos de cada cidade que íamos passando. Levantava de 30 em 30 minutos e ia fazer companhia ao motorista. RT também se revezava para arrancar de Marquinho Garanhuns notícias importantíssimas sobre as muchachas da região. “Nessa cidade aqui tem mulher? Mulher bonita? Ah tá. Eu vou voltar aqui, cara, só para conhecer a mulherada”. C., mano de Belchior, estava interessado em saber se seu Marquinho dirigia bem. Passava mal a cada curva mal feita, a cada acelerada do motô. Belchior sempre me disse que C. era o mais engraçado de todos e pude comprovar que essa era a mais pura verdade. Belchior ficava até inibido. R. não ia muito lá não. G. só ia para fumar um gudanzinho e voltar a dormir. R. e G. estavam praticamente virados da viagem anterior.

Aos poucos a galera foi se soltando e C., super gaiato, começou a nos presentear com uma série de sacaneadas nos amigos. Para ele, todos os amigos acabam virando Zé na viagem. G. é o Zé Pesqueira. Simplesmente porque G. não disse aos amigos que estava indo para um casamento em Pesqueira. “Ah, sei lá. Ninguém sabe onde fica isso. Achei melhor dizer que o casamento seria em Recife”. Pronto. Senha e chave para a zuação. Zé Pesqueira agora levou o apelido. Foi um tal de Zé Cinturinha, Zé Garanhuns, Zé Festinha, Zé Encrenqueiro, Zé disso, Zé daquilo.

Paramos na cidade Gravatá, a Teresópolis pernambucana, no Rei das Coxinhas. Os meninos se empanturraram de todos os salgadinhos e coxinhas vendidas no local. Os apelidos do momento lanchinho passaram a ser: Zé Coxinha, Zé Risoli, Zé Kibe, Zé qualquer coisa.

Enfim, depois de 4 horas, várias risadas, curvas mal feitas e ansiedade, chegamos a tal querida cidade de Pesqueira, berço da noiva mais fofa e nordestina dos nossos amigos! Mal entramos na cidade e as comparações já vieram. Isso aqui está igual à Terrinha. Que nada é igual a Areias, a Laje de Muriaé e etc.

Quando chegamos ao hotel, a tropa ficou boquiaberta. O hotel era simplesmente maravilhoso, de altíssimo nível, com uma piscina linda, convidativa. Em meio ao agreste, estávamos num oásis e precisávamos aproveitar antes do casamento. Os meninos já loucos para bebericarem o mel da cevada. Eu e C. doidas para deixarmos as malas e dar um mergulho merecido.

Dito e feito. Em menos de 15 minutos estávamos todos reunidos na piscina, sendo servidos pelo garçom, com cervejas, caipiroskas e tudo mais. Eu fiquei pouco tempo. Queria descansar antes do casório, que iria até às 6 da matina. Belchior ficou na cia dos amigos, esperando os convidados que, aos poucos, iam chegando e se juntando a eles. Todos os convidados do noivo estavam hospedados lá e a festa já começava cedo.

O casamento estava marcado para às 20:30. Belchior me apareceu no quarto às 20:15, de sunga, cantando “boemia, aqui me tens de regresso”. Eu, semi pronta, esperando a vaga do cabelereiro no quarto ao lado, com metade do cabelo pronto, sem maquiagem. Mesmo já altinho, meu marido passou meu vestido e seu paletó. Cantando Boemia, claro. Conclusão: perdemos o ônibus, chegamos atrasados, junto com a noiva na Igreja. Cenas do próximo post: Belchior e a festa. Segura, peão!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Belchior em Recife - primeiro dia




Demorei um pouco para escrever, mas não desistam!! Estou com várias histórias na manga que são bastante divertidas! Acontece que outubro está sendo um mês super corrido, com vários eventos e pouco tempo para escrever. Porém, a partir de hoje, vou me comprometer a postar todas essas peripécias de Belchior e seus amigos que rolaram por aí.

Bem, Belchior iria para Paris em outubro. Mas descobrimos, no fim de setembro, que essa viagem só sairá no ano que vem. Ótimo para nos programarmos melhor. Tivemos que correr e muito para irmos ao casamento em Recife, marcado há mais de um ano e que não confirmamos presença por conta de Paris.

Depois de muita correria e estresse (por que os homens nos deixam loucas, deixam tudo para última hora e nos enlouquecem???), conseguimos comprar as passagens de ida para Recife (fomos para Belo Horizonte e de lá para a capital pernambucana) e, no dia 8 de outubro, de madrugada, chegamos! Como nossas reservas eram para dia 10, pois iríamos para Pesqueira (agreste nordestino, a 4 horas de Recife e local do casamento), encontramos o RT, amigo de Belchior no aeroporto e fomos nós 3 dormir num motel!

Um parêntese sobre o amigo RT. RT é um cara muito divertido, animado, mas ele tem uma particularidade toda especial. É viciado em mulher. É sério. Que todos os homens o são, nós sabemos, ok. Mas ele tem algo diferente. Só pensa nisso, durante 24 horas por dia, 365 dias por ano!! Em todo lugar que ele vai, essa é palavra de ordem, o domínio do dia! Além disso, ele é lento, lerdo, demorado. Pior do que eu, mulher. rs Dormimos no motel (ele em quarto separado, claro) e acordamos cedo para começarmos a saga de procurar um hotel até o dia seguinte. Eu e Belchior chamamos um táxi e ficamos com o taxista, dentro do motel (que situação), esperando RT por, pelo menos, 15 minutos. Inacreditável!

Rodamos uns 40 minutos para achar um hotelzinho para deixarmos as malas e irmos fazer algo. Belchior precisava trabalhar. Eu precisava de praia. E RT precisava de mulheres. Objetivos e interesses a parte, após 4 horas de espera na recepção de um hotel mequetrefe, largamos as malas e unimos os objetivos num só: Belchior com laptop e cel em punho, eu com biquíni e disposição, RT com seus planos e olhares para as beldades, seguimos rumo à Praia da Boa Viagem!

Escolhemos um lugar legalzinho e sentamos. Água quente, com possibilidades sérias de encontrarmos algum tubarão por lá (adorei essa parte), cerveja para os meninos, água de coco para mim. Belchior trabalhando, eu curtindo o sol e o mar e RT a postos para sua atuação fatal. Não precisou de muito tempo para as coisas acontecerem rapidamente. Na primeira vez que RT foi na água, já ficou de conversa com uma menina. Eu e Belchior morremos de rir na areia.

A cada ida dele ao mar, mas conversas com a rapariga. E não deu outra! Marcaram um encontro na Pracinha da Boa Viagem, às 20h daquela noite. Ela foi embora e não deixou o tel dela com ele. Mas RT estava feliz, já havia, sem procurar muito, conquistado sua primeira vítima. Parecia que o feriado prometia grandes affairs! Enquanto isso, entre um telefonema e outro, Belchior ia na água e assustava a criançada: “Olha o tubarão! E saía correndo! As criancinhas, assustadas, se desesperavam. Depois começavam a rir do tio doidão!

No fim da tarde, a maré subiu e nos deparamos com um approach com o pessoal da barraca ao lado. Para Belchior, já relaxado e com umas 10 latinhas na mente, isso era ótimo. O show man começou a colocar seus dotes e encantos para Recife conhecer. Resumindo, havia um capoeirista, uma morena e um gringo na barraca. O capoeirista começou a brincar com Belchior e, em pouco tempo, os dois estavam jogando capoeira na areia da praia. Belchior parecia uma jaca madura caindo do pé. Sem ginga, sem traquejo. O cara dava um banho nele. Até que ele resolveu inovar e deu um golpe de judô no cara. A jaca branca e a negra caíram juntas na beira da água. O lugar inteiro rindo de passar mal. O gringo se despediu e foi-se.

Depois da brincadeira, o papo ficou sério. RT e Belchior começaram a perguntação (isso mesmo com ão no final). Sem pudores. RT começou com a morena. E ela, sem responder direito. “Você está com uma marca de óculos no rosto”. “É bom que disfarça porque eu trabalho à noite”. “É mesmo, aonde”? 15 segundos para a resposta da moça. “Num samba”. “E onde rola esse samba”? 30 segundos para a outra resposta da moça. “Numa faculdade”. “Onde fica a faculdade”? 1 minuto sem reposta. Tive que intervir. RT, não está vendo que ela não quer responder?! Deixa isso para lá.

Enquanto isso, do outro lado da barraca...Belchior começa. “Mas você dá aulas de capoeira”? “Pois é, rapaz, dou sim. Mas se eu te contar minha história, você vai chorar comigo”. “Por quê? O que houve”? “Sou viciado em drogas. Perdi tudo por causa dela. Agora dou aulas num projeto social. Não ganho nada. Quem me ajuda é a morena. Sempre venho à praia aqui. To há 8 meses sem usar nada. Vou te mostrar uma coisa. Olha meu passaporte. Já fui jogador de futebol em vários países. Olhe ai, olhe, rapaz. Olhe, olhe”. “Nossa, é mesmo. Já jogou na Suíça”?

Pausa para mim, por favor. Belchior se compadecendo, já com os olhos cheios de água com a história de vida do capoeirista. O clima esquentando entre RT e a morena. Só mesmo um mergulho para refrescar minha alma!!

Quando voltei, a cena era linda. O capoeirista chorando, aos prantos, dizendo que Belchior era como se fosse um pai para ele. Belchior era só elogios ao cara. Realmente a história era triste, mas aquele rapaz era sagaz. Parecia que fazia artes cênicas. Não caía uma lágrima de seus olhos, só mesmo a encenação. O auge foi quando Belchior levantou, tirou R$ 20 da carteira e deu a ele. Chororô de todos os lados. Belchior abraçou o cara, chorou junto. Beijo na careca. O capoeirista tirou de sua sacola plástica um presente.

“Vou te dar essa camisa que tem uma energia maravilhosa. Depois que eu usei, ela mudou minha vida. Quero que você fique com ela”. Belchior não se conteve. Chorando, levantou os bracinhos, encolheu a barriga, vestiu a camisa. Deve ter ficado sem respirar uns 30 segundos e constatou, junto com todos ao redor, que não cabia nele. Mas o cara seguiu. “já que não cabe, quero você doe para uma instituição de caridade. A criança que usar essa camisa terá sua sorte mudada”. Abraços. Belchior pegou a camisa suada e colocou na bolsa. A doação era sua próxima missão. Parecia cena de novela.

Enquanto isso, RT e a morena estavam no clima. Mas ele estava acanhado com a minha presença. Veio me confessar: “pô, a mulher é da vida (nossa, ele só tinha percebido aquela hora!!). Nada a ver dar beijo na boca”!

Depois da expectativa do beija não beijo, que Belchior e o capoeirista entraram rapidamente na pilha para que RT beijasse logo, resolvemos ir embora e encontrar os outros amigos da terrinha que haviam chegado. Chegamos ao restaurante, Belchior para lá de bragatá. RT esperando ansiosamente o encontro marcado na pracinha e eu feliz de ver gente conhecida e poder conversar normalmente. Na praia, cheguei a conversar em inglês e italiano com o vozão, um vendedor que se aproximou e começou a conversar conosco. O cara não sabia nem ler nem escrever, mas falava cinco idiomas. Só da convivência da praia! E o pior é que falava direitinho mesmo!

Uma hora depois dos amigos C. e V. morrerem de rir das histórias, RT saiu de fininho. Ia para seu encontro. MJ e S. chegaram para completar a mesa e eu e Belchior terminamos à noite rindo e planejando o casamento em Pesqueira com nossos amigos! Se no primeiro dia foi assim, imaginem os próximos 4!! Aguardem!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Belchior tentando ser Homem Aranha



Há algum tempo estou querendo escrever sobre isso aqui no blog, mas estava receosa de brigar comigo mesma sobre o assunto! Infelizmente o bairro onde moramos está sendo assolado por episódios de roubos e violência. Há uns 2 meses, um louco cheirado estava assaltando os apartamentos, entrando pela janela, buraco do ar condicionado, fazendo coisas impossíveis e seu apelido, claro, virou o Homem Aranha do bairro.

Um dos apartamentos arrombados foi no prédio da minha amiga F. Uma paranoia enorme se instalou em mim. Mas eu não sou tão louca assim e as minhas questões têm fundamento! Moramos de frente para uma mata, no primeiro andar do prédio, sem grade alguma, em nenhuma janela, nem na varanda. detalhe que todos do porédio tem grade! Dormimos com tudo aberto, escancarado e ali é um deserto só.

Comecei a ouvir passos no play, a fechar tudo todos os dias, a levar os objetos mais caros para o quarto junto com a gente. Nada mais de deixar dinheiro dando sopa na sala, nem telefones, tênis, nada. O Homem Aranha continuou atacando mais e mais prédios nas redondezas, até que ele foi preso em frente ao nosso residencial!! Estava atacando o prédio da frente!!

Como alegria de pobre dura pouco, o cara foi solto no dia seguinte. Era menor de idade! Ô beleza! O problema disso tudo era porque Belchior, simplesmente, não creditava em mim e não se sentia inseguro como eu! Achava que eu estava louca, que era exagero.



Brigamos muito por isso, mas graças a Deus passou. Até que esta semana algumas coisas muito estranhas voltaram a acontecer. Uma bela noite, estávamos eu e minha amiga M. na varanda, quando ouvimos nitidamente um barulho de mato mexendo. Mas mexia muito, eram passos de uma pessoa e não de bicho. Ficamos brancas, imóveis. O barulho vinha do terreno ao lado. Na hora gritei Belchior e, mesmo não ouvindo desde o início, Belchior se assustou.

Nesta semana, cheguei em casa de um evento noturno. Morta de cansaço, fiquei um pouco na varanda. Belchior não estava em casa. Sentei para relaxar e, de repente, o mato se mexeu absurdamente. Ouvi barulho de chinelo. Não tinha dúvidas de que era uma pessoa no play!! Fiquei uns 15 segundos parada, encarando o mato, mas não me contive e saí correndo. Interfonei para o porteiro. Ele foi ver o que era, mas como sempre, não viu nada!

Liguei para Belchior voltar para casa. E o esperei na portaria. Ao contrário do que imaginei, Belchior ficou preocupado e disse que já tinha verificado no play que era fácil entrar no nosso ape. Mêda!!

Mas isso tudo para ilustrar o episódio de ontem à noite! Em mais um dia de evento, cheguei tarde, mas Belchior chegou praticamente comigo. Quando fomos dormir, minha paranoia falou mais alto e pedi para ele fechar a janela da área. Ele levantou contrariado. Já tínhamos ouvido alguns barulhos.

Fiquei sozinha no quarto e achei a demora dele estranha. Conhecendo a figura, fiquei quietinha e ouvi seus passos até a varanda. Quando ele começou a querer simular um ataque, comecei a gritar e quebrei completamente o clima do suposto susto!! Belchior, querido, já conheço seus passos, vejo os seus medos! Se manda para a cama, pois o susto não cola mais!

Belchior voltou desolado. Parecia uma criança grande, cabisbaixo, todo sem graça, dizendo que ele não ia me dar susto... Sei sei, até parece. Já que ele não deu bola para minhas inquietudes do Homem Aranha de verdade, também não dei bola para o Belchior tentando ser Aranha!! depois me arrependi, pois o que será que ele iria aprontar???