quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Belchior em Recife - primeiro dia




Demorei um pouco para escrever, mas não desistam!! Estou com várias histórias na manga que são bastante divertidas! Acontece que outubro está sendo um mês super corrido, com vários eventos e pouco tempo para escrever. Porém, a partir de hoje, vou me comprometer a postar todas essas peripécias de Belchior e seus amigos que rolaram por aí.

Bem, Belchior iria para Paris em outubro. Mas descobrimos, no fim de setembro, que essa viagem só sairá no ano que vem. Ótimo para nos programarmos melhor. Tivemos que correr e muito para irmos ao casamento em Recife, marcado há mais de um ano e que não confirmamos presença por conta de Paris.

Depois de muita correria e estresse (por que os homens nos deixam loucas, deixam tudo para última hora e nos enlouquecem???), conseguimos comprar as passagens de ida para Recife (fomos para Belo Horizonte e de lá para a capital pernambucana) e, no dia 8 de outubro, de madrugada, chegamos! Como nossas reservas eram para dia 10, pois iríamos para Pesqueira (agreste nordestino, a 4 horas de Recife e local do casamento), encontramos o RT, amigo de Belchior no aeroporto e fomos nós 3 dormir num motel!

Um parêntese sobre o amigo RT. RT é um cara muito divertido, animado, mas ele tem uma particularidade toda especial. É viciado em mulher. É sério. Que todos os homens o são, nós sabemos, ok. Mas ele tem algo diferente. Só pensa nisso, durante 24 horas por dia, 365 dias por ano!! Em todo lugar que ele vai, essa é palavra de ordem, o domínio do dia! Além disso, ele é lento, lerdo, demorado. Pior do que eu, mulher. rs Dormimos no motel (ele em quarto separado, claro) e acordamos cedo para começarmos a saga de procurar um hotel até o dia seguinte. Eu e Belchior chamamos um táxi e ficamos com o taxista, dentro do motel (que situação), esperando RT por, pelo menos, 15 minutos. Inacreditável!

Rodamos uns 40 minutos para achar um hotelzinho para deixarmos as malas e irmos fazer algo. Belchior precisava trabalhar. Eu precisava de praia. E RT precisava de mulheres. Objetivos e interesses a parte, após 4 horas de espera na recepção de um hotel mequetrefe, largamos as malas e unimos os objetivos num só: Belchior com laptop e cel em punho, eu com biquíni e disposição, RT com seus planos e olhares para as beldades, seguimos rumo à Praia da Boa Viagem!

Escolhemos um lugar legalzinho e sentamos. Água quente, com possibilidades sérias de encontrarmos algum tubarão por lá (adorei essa parte), cerveja para os meninos, água de coco para mim. Belchior trabalhando, eu curtindo o sol e o mar e RT a postos para sua atuação fatal. Não precisou de muito tempo para as coisas acontecerem rapidamente. Na primeira vez que RT foi na água, já ficou de conversa com uma menina. Eu e Belchior morremos de rir na areia.

A cada ida dele ao mar, mas conversas com a rapariga. E não deu outra! Marcaram um encontro na Pracinha da Boa Viagem, às 20h daquela noite. Ela foi embora e não deixou o tel dela com ele. Mas RT estava feliz, já havia, sem procurar muito, conquistado sua primeira vítima. Parecia que o feriado prometia grandes affairs! Enquanto isso, entre um telefonema e outro, Belchior ia na água e assustava a criançada: “Olha o tubarão! E saía correndo! As criancinhas, assustadas, se desesperavam. Depois começavam a rir do tio doidão!

No fim da tarde, a maré subiu e nos deparamos com um approach com o pessoal da barraca ao lado. Para Belchior, já relaxado e com umas 10 latinhas na mente, isso era ótimo. O show man começou a colocar seus dotes e encantos para Recife conhecer. Resumindo, havia um capoeirista, uma morena e um gringo na barraca. O capoeirista começou a brincar com Belchior e, em pouco tempo, os dois estavam jogando capoeira na areia da praia. Belchior parecia uma jaca madura caindo do pé. Sem ginga, sem traquejo. O cara dava um banho nele. Até que ele resolveu inovar e deu um golpe de judô no cara. A jaca branca e a negra caíram juntas na beira da água. O lugar inteiro rindo de passar mal. O gringo se despediu e foi-se.

Depois da brincadeira, o papo ficou sério. RT e Belchior começaram a perguntação (isso mesmo com ão no final). Sem pudores. RT começou com a morena. E ela, sem responder direito. “Você está com uma marca de óculos no rosto”. “É bom que disfarça porque eu trabalho à noite”. “É mesmo, aonde”? 15 segundos para a resposta da moça. “Num samba”. “E onde rola esse samba”? 30 segundos para a outra resposta da moça. “Numa faculdade”. “Onde fica a faculdade”? 1 minuto sem reposta. Tive que intervir. RT, não está vendo que ela não quer responder?! Deixa isso para lá.

Enquanto isso, do outro lado da barraca...Belchior começa. “Mas você dá aulas de capoeira”? “Pois é, rapaz, dou sim. Mas se eu te contar minha história, você vai chorar comigo”. “Por quê? O que houve”? “Sou viciado em drogas. Perdi tudo por causa dela. Agora dou aulas num projeto social. Não ganho nada. Quem me ajuda é a morena. Sempre venho à praia aqui. To há 8 meses sem usar nada. Vou te mostrar uma coisa. Olha meu passaporte. Já fui jogador de futebol em vários países. Olhe ai, olhe, rapaz. Olhe, olhe”. “Nossa, é mesmo. Já jogou na Suíça”?

Pausa para mim, por favor. Belchior se compadecendo, já com os olhos cheios de água com a história de vida do capoeirista. O clima esquentando entre RT e a morena. Só mesmo um mergulho para refrescar minha alma!!

Quando voltei, a cena era linda. O capoeirista chorando, aos prantos, dizendo que Belchior era como se fosse um pai para ele. Belchior era só elogios ao cara. Realmente a história era triste, mas aquele rapaz era sagaz. Parecia que fazia artes cênicas. Não caía uma lágrima de seus olhos, só mesmo a encenação. O auge foi quando Belchior levantou, tirou R$ 20 da carteira e deu a ele. Chororô de todos os lados. Belchior abraçou o cara, chorou junto. Beijo na careca. O capoeirista tirou de sua sacola plástica um presente.

“Vou te dar essa camisa que tem uma energia maravilhosa. Depois que eu usei, ela mudou minha vida. Quero que você fique com ela”. Belchior não se conteve. Chorando, levantou os bracinhos, encolheu a barriga, vestiu a camisa. Deve ter ficado sem respirar uns 30 segundos e constatou, junto com todos ao redor, que não cabia nele. Mas o cara seguiu. “já que não cabe, quero você doe para uma instituição de caridade. A criança que usar essa camisa terá sua sorte mudada”. Abraços. Belchior pegou a camisa suada e colocou na bolsa. A doação era sua próxima missão. Parecia cena de novela.

Enquanto isso, RT e a morena estavam no clima. Mas ele estava acanhado com a minha presença. Veio me confessar: “pô, a mulher é da vida (nossa, ele só tinha percebido aquela hora!!). Nada a ver dar beijo na boca”!

Depois da expectativa do beija não beijo, que Belchior e o capoeirista entraram rapidamente na pilha para que RT beijasse logo, resolvemos ir embora e encontrar os outros amigos da terrinha que haviam chegado. Chegamos ao restaurante, Belchior para lá de bragatá. RT esperando ansiosamente o encontro marcado na pracinha e eu feliz de ver gente conhecida e poder conversar normalmente. Na praia, cheguei a conversar em inglês e italiano com o vozão, um vendedor que se aproximou e começou a conversar conosco. O cara não sabia nem ler nem escrever, mas falava cinco idiomas. Só da convivência da praia! E o pior é que falava direitinho mesmo!

Uma hora depois dos amigos C. e V. morrerem de rir das histórias, RT saiu de fininho. Ia para seu encontro. MJ e S. chegaram para completar a mesa e eu e Belchior terminamos à noite rindo e planejando o casamento em Pesqueira com nossos amigos! Se no primeiro dia foi assim, imaginem os próximos 4!! Aguardem!

4 comentários:

  1. Não sabia da conversa ( e toda sua emoção) com o capoerista, sensacional!! hahahaha
    Ele está na área errada, tem veia artística, na certa!! Fica feliz, emociona-se, faz os outros darem boas gargalhadas e tudo num espaço de tempo pequeno!! Muito bom!!
    Adorei!

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  2. gente

    Ameiiiiiiiii o post , o texto e o enredo!

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  3. Tô curiosa pra saber o q aconteceu com a camisa da sorte... rs

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  4. Como sempre... ótimas histórias!!!!
    Adoro!
    abraços ao casal

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