terça-feira, 12 de julho de 2011

Obra, no te quiero más!



Toda vez que me comprometo a ter mais assiduidade para escrever aqui no blog minha vida dá uma reviravolta e sempre me envolvo com várias empreitadas. Com o trabalho, então, nem se fala. Fico sempre no mesmo papinho que já virou furado e me sentindo bastante endividada com os caros apreciadores deste conglomerado de muitas ideias e infinitas histórias bizarras belchiorianas.


Porém, contudo, todavia, admito que andei falhando feio, de verdade. Mas foi por uma boa causa, justa e perfeitamente inteligível. Estive às voltas, enrolada, totalmente em curto e em alma com a obra da sala nova da minha empresa, tarefa que abracei como se fosse a minha casa e, depois de um mês, dá gosto de ver. Hoje, porém, mais calma, cheia de olheiras e mais magra (o melhor ponto da obra), equilibrada e feliz, sinto-me preparada para hablar e abrir meu coração neste momento de minha life.


Como tudo na vida, nem tudo foram flores nestes dias e padeci de paciência, memória e jogo de cintura. Comi poeira, gesso, deitei no chão nojento de sujo, li livro em meio ao barulho de uma turbina de avião quebrando a parede, sentei durante dias e longas horas em cima de um latão de tinta, sujei várias roupas de amarelo, pulei corda às 23:30 de uma quarta-feira na sala vazia, com o banheiro vazando e o bombeiro hidráulico tentando resolver a questão há seis horas e sem sucesso, fiquei surda e louca com o barulho do chão sendo lixado, subi e desci do prédio para a lojinha do seu Ribeiro umas 200 vezes (não é exagero), fiquei amiga do porteiro (pagando R$ 20 do lanche), negociei entulho, diária de peão, táxi para Nikiti a preço fechado, servi coca-cola para o pessoal, cafezinho e água, limpei o chão, o banheiro, fiz xixi no vaso interditado com 50 mil xixis e aquele cheiro insuportável, fiquei feliz, triste, cansada, com energia, devo ter bebido uns 20 Red Bulls, quase um por dia.


Fui boy, administradora, decoradora, faxineira, empilhadeira, servente, ‘patroa’, mestre de obras, empregada, diretora. Sou alérgica e no auge do estresse, quem diria, meu alergista se orgulharia, não dei um espirro, não tive uma crise. Passei tardes e noites sentada num canto escuro da sala, com meu radinho de pilha me fazendo cia, em cima de uma banqueta suja, sem encosto nas costas, e a tensão e tédio de um sem fim de obra deixaram as minhas horas e músculos doloridos menos desgastados.


Virei noite, virei dia, passei todos os últimos fins de semana sem sair, vindo para a obra e acompanhando cada joelho, fio, conexão, ráfia, gesso, cimento, pastilha, fita isolante, balde, trincha, ligação elétrica, parafuso, cimento, grimpagem, passa fio, rejunte, luminária, mudança, cadeira, nova mesa, sinteko, rodapé, contas, orçamentos.


No fim, Deus sempre ajuda a quem trabalha, cada dia é um dia e, assim como Capitão Nascimento nos ensinou perfeitamente, missão dada é missão cumprida. Desculpe-me, meus bons apreciadores, pela falha e falta de tempo, mas chegou ao fim, pelo menos na maior parte, a minha missão da nova sala e, como uma boa política da velha guarda, mantenho a minha promessa de que VOU ESCREVER COM MAIS FREQUÊNCIA. VOCÊS VERÃO!!!


Também me comprometo, com uma promessa particular e pessoal, a dormir mais, perder as olheiras conquistadas de forma espetacular em um mês, ter mais tempo para mim mesma, voltar a ler livros, a sair mais com o maridão, a encontrar os amigos e voltar à vida, né, povo! Obra, no te quiero más!

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