quarta-feira, 23 de março de 2011

Sei lá, mil pensamentos e poesias


Peço desculpas a vocês, seguidores, pois sei que gostam mesmo são das histórias e bagunças de Belchior. Mas eu tô afim mesmo é de falar de algumas outras coisas por aqui. Vou quebrar o protocolo e me sinto à vontade para isso neste momento, de compartilhar com vocês umas ideias, sensações e outras doideiras mais por aí.

Ás vezes, a gente precisa dar uma acalmada na vida, nos ânimos e tentar se descobrir melhor. Esse papinho é meio balela, mas também é meio verdade. No fundo, eu acho que a gente não se conhece muito bem mesmo. Poucas são as pessoas que convivo hoje que se permitem a sua bela companhia. Pode parecer prolixo, mas não é. Estamos sempre à procura do que fazer, com quem fazer, de sair de casa. Programa bom é aquele que várias pessoas estão juntas, em algum lugar qualquer desse mundo. Ficar em casa, sozinho, se curtindo, passar aquele sábado ouvindo música e olhando para o teto é bom, mas tem hora para acabar. Bom mesmo é receber aquela ligação e curtir uma bebidinha e um bom papo lá na esquina.

Escrevo isso por experiência própria. Apesar da aparência tranquila, sou mega agitada, não paro um segundo dentro de casa, raramente relaxo quando estou deitada (a não ser que esteja morta de sono). Quando coloco uma música, tenho que levantar, pular, pulo a música porque tem outra melhor na outra faixa, pego a letra na internet! Acho que a gente consegue tolerar bastante a convivência com os outros. Mas e com a gente mesmo?

Posso até ser meio louca de questionar essas coisas, mas por muitas vezes me pego na minha própria cia e isso me desagrada. Claro que, como uma boa libriana, logo me pergunto: será que sou tão insuportável assim para os outros também? Por que será que é tão difícil ficar sozinha comigo mesmo?

Li outro dia um artigo da Martha Medeiros excelente sobre este assunto. Ela declarava o quão difícil é convivência com ela mesma. O que a gente faz quando estamos de saco cheio de nós? Sabe-se lá, né. Vamos para o barzinho mais próximo que a gente resolve isso rápido!

Bem, fiz uma experiência no último fim de semana. Isso, sozinha, pensativa, curtindo. Não é possível que eu conviva com tantas pessoas e elas não gostem da minha cia. Sinal de que sou legal e eu mesma tenho que descobrir isso em mim. A questão é: sou legal comigo assim como sou com os outros?

Infelizmente a minha resposta é não. Tenho tanta paciência com os de fora, mas não tenho comigo. Sou mega exigente, tenho que resolver todos os problemas e rápido, sofro porque não estou no peso ideal, porque não consigo estar bem disposta sempre, sinto sono cedo, porque tô cansada, carente. Quero melhorar os meus defeitos, ser perfeita, me adequar à vida dos outros, à profissão, ser uma bela mulher, bela esposa, bela profissional, bela amiga, bela companheira, bela dona de casa....

Será mesmo que essa exigência nos deixa bela, nos deixar viver? Percebi que, quanto mais exigia isso tudo de mim mesma, mais a convivência comigo ficava insuportável.
Para completar, isso acaba afetando também os relacionamentos em volta. Você fica tão de saco cheio de você, que isso se reflete no marido, namorado, nas amigas, no trabalho.

Porra e quando você tá mal, poucas pessoas tem tempo para te ouvir. A gente tenta jogar um verde aqui, outro ali. Abrimos o jogo com algumas pessoas. “Sei lá, não tô muito bem”. Mas a resposta é mais ou menos a mesma: “Liga não. Isso passa. É fase”... Depois de algumas péssimas experiências, cheguei a conclusão mais lógica, simples e difícil. Na verdade, devemos dar ouvidos à nossa própria voz...

Conheço pessoas que fazem isso muito bem. Diria até mesmo que de forma exemplar. Comecei a me arriscar em alguns testes que, para minha surpresa, foram muito positivos! Porém, ainda não cheguei ao ideal de convivência.

Enfim, passei uma tarde inteira comigo, ouvindo música, cantando, conversando sozinha. E senti uma sede de poesia. Naquele dia constatei que precisava de mais poesia em minha própria vida. Comecei a escrever versos no meu espelho da sala. Versos meus, de Drummond, letras de música. Acho que a vida fica mais gostosa quando temos uma dose de poesia por dia. Vou comprar um quadro e escrever nele diariamente. Decisão tomada.

Descobri que preciso, gosto e quero isso desesperadamente para mim. Fiquei super feliz ao rabiscar de batom vermelho meus dois espelhos e enchê-los de palavras. Foi como se tivesse comido um bolo inteiro de morango com chantilly! Endorfina pura na veia! Descobri, ou melhor dizendo, constatei também que sou louquinha, que gosto dessas maluquices e quero ser artista. Artista da minha própria vida.

Bem companheiros deste blog, desculpem a escrita sem piadas. Mas a poesia também faz bem para a alma!

2 comentários:

  1. Bravo!

    La vita è Bela! E pra fazer ela ser bela sempre, você precisa se sentir sempre bela!

    Beleza interior, a beleza exterior, a beleza de alma, beleza de espirito, beleza de atitude, beleza na convivência, enfim, ser belo por inteiro.

    Digo que concordo perfeitamente com você quando fala sobre a própria companhia.

    É primordial na vida das pessoas elas se amarem e se respeitarem antes mesmo de se dedicar aos outros.

    Ninguém é feliz sozinho, mas ninguém faz ninguém feliz sem ser feliz por ser.

    uia! acabei de filosofar?? :P

    Good vibes!

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  2. Nossa minha amiga, eu amei o seu texto! Mesmo! É tudo o que a gente conversa e mais um pouco!
    Nada melhor do que nossa própria companhia!

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