Estamos vivendo, literalmente, à beira de um ataque de nervos. Rotinas, horários, trabalho, jornada dupla, tripla. Temos que ter tempo para tudo e o que menos nos sobra é o tal do tempo. Estamos viciados na delícia de ser o que se é sem vermos o tempo passar, sem sentirmos na pela a passagem das horas, dos dias, dos anos. Já estamos em abril e parece que foi ontem que celebramos o ano novo. E a gente fazendo juras de que, este ano, mudaríamos de vida, de estilo. As nossas velhas e amigas promessas de um ano diferente! Mas, na prática, isso acontece pouco.
Pergunto-me, todos os dias, se preciso e quero continuar a viver dessa forma, se quero mesmo mergulhar nessa rotina insensata e ver a vida passar pela janela, assim, descarada, na minha frente. E eu, pegando carona em alguns momentos. Aprender a se satisfazer e curtir os prazeres mais gostosos, impensados e, quiçá, simples da vida, não é luxo, é necessidade. Nessa escolinha de aprender a curtir eu ainda estou no ‘juninho 1A’, mas Belchior já está na faculdade! No começo, estranhei essa forma meio doida de se viver. De chegar num restaurante bacana e se dar a oportunidade de tomar um vinho mais caro, comer algo diferente do trivial e igualmente caro, experimentar e, o melhor, sem culpa. Ainda demoro a entrar nesse clima e estranho bastante, pois, antes de tentar relaxar, começo a fazer as contas de minha possível extravagância.
Depois de muito resistir e refletir sobre as muitas coisas que essa vida nos faz passar, concluo que, sem sacanagem, o legal disso tudo mesmo é se deixar viver. Tá afim de tomar aquele prosseco que custa R$ 100 no restaurante? Pois beba com prazer. Curta, viva, explore ao máximo os seus sentidos. Se dê a chance, se for possível, de ceder aos seus prazeres. Claro que não estou fazendo apologia do ‘curta sim e fique cheio de dívidas, não pense, só peça’. A gente sabe até onde nossa corda pode apertar e o momento certo de agir assim. Mas se deixe levar pelo impulso, pelo encanto, pela euforia, ao menos algumas vezes por ano! Digo de carteirinha que isso é FUNDAMENTAL. Faça aquela compra dos sonhos, passe o dia bebendo no bar com os amigos, pague a conta, gaste com uma viagem merecida, invista num bom terno, ouse na maquiagem, vá ao restaurante que você sempre sonhou, use e abuse daquele vestido incrível, passe um dia no SPA, faça massagem, tome banho de chocolate, veja aquele campeonato inteiro de futebol que você gravou e nunca viu, com uma cerveja especial do lado. Permita-se. Viva. Intensamente.
Afinal, trabalhamos todos os dias, conseguimos o nosso dinheirinho suado e não vamos usufruir? Nem um pouquinho, nem uma horinha? A vida é curta, minha gente. Curtíssima. Não perca seu foco, seus objetivos, não deixe de juntar dinheiro, não deixe de planejar e de ter ambição. Mas nada disso tem sentido se você não souber dosar com muitas pitadas, por favor, de alegrias e prazeres. O tempo passa, o tempo voa, a gente envelhece, não curte, mas a poupança Bamerindus (salve esse comercial fantástico!!) continua numa boa. Simples assim.
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