segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Champagne, a revista Caras e a enquete com o índio Pataxó


A bebida é realmente amiga do homem! Pessoas que bebem são mais felizes, ficam milionárias (ricas, não. Milionárias), amam todas as pessoas, choram, abraçam, beijam! Eu queria beber também, ficar nessa onda! Mas eu tenho um sei lá quê de intolerância à bebida, não tenho aquele grau alegrinho, no brilhinho que todos falam. Passo com apenas um copo de qq coisa para o estágio de 'tô doidona, com sono e bêbada'! A vida é injusta, fazer o quê? E olha que minha mãe sempre dizia: “Você nem parece minha filha. Nunca vi isso. Toma uma latinha e fica bêbada”. Eu tenho histórico, gente. Minha família é chegada. Mas tenho que me conformar com o meu destino de estar sóbria. Divirto-me também, sou animada (claro que na frente de Belchior, não é qualquer um que parece animado, visto o seu ânimo absurdo). Tudo bem, faz parte.

Ilustrei com essa introdução porque Belchior tem se sentido o máximo, o rei dos reis milionários! Entrou na onda de querer beber champagne em todos os lugares por onde passamos na nossa viagem! Achei o máximo, gosto de um espumante de vez em quando. Pois foi assim: Belchior pedia champagne na praia (para comemorar, ele dizia), na pizzaria, no restaurante, na pizzaria de novo (dessa vez mais caro)! Ele ficava emocionado com o momento e sempre pedia. Quando digo milionário é porque ele sempre enfatizava que era por conta dele. Estávamos quase sempre acompanhados e as pessoas bebiam, claro. E também dividiam a conta. Mas agora ele está com essa mania! É vinho e champagne em todos os lugares e por conta dele!! Estamos até colecionando rolhas! Já têm mais de 30!

Nessa viagem nem preciso falar de novo o quanto nos divertimos e o quanto Belchior aprontou e me fez pagar inúmeros micos! Um deles foi a nossa capa de revista Caras. Apareceu um matuto carregando uma máquina fotográfica profissional e um bando de capas de revistas cover, em que ele produzia a foto e colocava os casais como capa das principais publicações. Você podia escolher: quer sair na Caras, na Veja, na Isto É Gente, na G Magazine, na Sexy? É só pousar para ele e pronto!
Claro que Belchior amou a ideia, chamou o cara e fizemos o nosso book! Recusei-me a ir para a beira da água e, diante dos apelos do vendedor de “Minha filha, na beira da água é tudo. Vamos lá, eu faço várias fotos de vocês”, fui categórica: vou pagar mico, mas aqui na barraca e ponto final. Belchior não quis se opor (sabia que eu não iria levantar e já estava fazendo muito de tirar as fotos).

Assim fizemos a nossa capa da revista Caras e, claro, as fotos do cara ficaram ótimas! Decidimos até o título da capa: Casal de empresários de férias esbanja charme e beleza pelo litoral sul da Bahia! Ahahahaha, incrível! No fim das contas, amei a brincadeira! Todos que vão lá em casa morrem de rir com a nossa capa e exibimos todos orgulhosos.

Se não bastasse a capa de Caras, no dia em que fizemos o passeio da Praia do Espelho, por sinal um dos mais belos lugares que conheci, Belchior se superou. Tomando um champagne maravilhoso em comemoração ao último dia do ano, o seu tom questionador atingiu todos os recordes. Ele é um cara que gosta de conversar, se interessa por todos os assuntos que as pessoas oferecem. E, ao ver aquela quantidade de índio vendendo coisas, para um lado e para outro, oferecendo até a mãe, ele puxou assunto com um dos índios.

Mas não foi um assunto qualquer. Belchior fez o índio rebolar de tantas perguntas, ofereceu champagne, um tira gosto, perguntou se o índio era casado, quantos anos tinha, quantas anos tinha a esposa, tempo de casado, se ele teve que carregar o tronco para conseguir a esposa, se rolava traição na aldeia, se ele já tinha comido muitas mulheres brancas (isso mesmo, parem tudo que eu queria me afogar na água), se ele não tinha ciúmes da mulher ficar andando de peito de fora, se algum turista já tinha apertado o peito dela, se alguma mulher já quis dar para ele assim do nada.
O índio, coitado, ficava roxo, demorava a responder, mas acabou seduzido pelo jeito belchioriano de ser. Ficou mais de 20 minutos conversando com a gente e, no final, tive que comprar um brinco de penas feito pelos indígenas! Tanto papo impunemente seria até sacanagem com o pobre coitado.
No final, Belchior disse que ia conhecer a tribo dele e queria dançar na reserva dos Pataxó. E combinaram às 16h daquele dia de se encontrarem para a dança na aldeia. É claro que Belchior não apareceu e nem deve se lembrar disso. Às 16h ele estava roncando na espreguiçadeira da praia, depois de um Proseco e quase 10 long necks de cerveja.

Um comentário:

  1. Li todos os posts de uma só vez. Bom demais! Mto engraçado e emocionante tb. Claro q a sua narrativa ajuda mto a valorizar as histórias, escreve mto bem. Parabéns pela ideia!
    Bjo,
    Guilherme

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