segunda-feira, 12 de julho de 2010

Belchior, os afazeres da casa e a cueca no ventilador



A vida de casada é muito engraçada beirando à trágica. Cada dia um flash, uma novidade. Um dia extremamente apaixonados, outro dia querendo distância, semana in Love, semana in Fight. Eu e Belchior somos assim, mas a cumplicidade, o jeito belchioriano de ser superam as diferenças.

Por exemplo, ele é totalmente da noite e eu do dia. Estamos quase o tempo todo nesse conflito. Ficamos até tarde acordados, meu dia seguinte é péssimo. O dele é ressaca, mas ele fica bem. Eu não. Gosto de acordar cedo (nem tão cedo assim). Ele adora dormir. Eu gosto de curtir o dia, ir à praia e pegar os peixes de pijama. Ele gosta de acordar tarde, ficar de preguiça. O dia vai passando e vou ficando frustrada.

Eu sou ansiosa, libriana, gosto de planejar o dia, de saber o que vamos fazer. Ele odeia isso e quase sempre brigamos por conta desse descompasso de estratégias. A minha ansiedade é tanta que fico desde sexta querendo saber o que faremos à noite e no dia seguinte. “Ah, Casadona, não sei. Eu vejo na hora”. Ele é totalmente ‘deixa a vida me levar’, em cima da hora, no que der na telha.

Outro ponto de relacionamento crítico é quanto à limpeza e arrumação. Homens, em geral, não ligam para a bagunça, deixam tudo espalhado, não ligam se a louça fica três dias suja na pia. Belchior não foge à regra. E isso me irrita muito. Na maioria das vezes, faço tudo com prazer. Não me importo de chegar em casa e sair rebocando da sala todas as roupas que ele vai deixando espalhadas, nem o tênis, a sandália. Mal deixo a bolsa e já saio rebocando tudo.

Aí, tiro o sapato e vou até a cozinha. Nossa!!! O bicho pega quando chego lá. Uma bagunça, todos os copos usados. Não dá nem para beber água. E quando ele passa o dia trabalhando de casa, eu penso que quando chegar, ele já deve ter, ao menos, lavado a louça. Doce engano... Está tudo pior do que quando saí de manhã.

Repetindo, faço tudo sem reclamar muito. Jogo umas indiretas, mas tento respeitar que ele não se importa. E também não pede para que eu faça nada. Pelo contrário. Sempre fala que não preciso fazer as coisas, que eu preciso deitar e descansar. Tá, mas fazer o que se odeio casa suja, desarrumada, coisas espalhadas, pia nojenta? Ok, Belchior cozinha de vez em quando e eu não sou fã de cozinha.

Mas têm dias que fico indignada porque acho uma falta de compreensão a pessoa saber que você não gosta dessas coisas e sequer um dia fazer um agrado, arrumar algo ou, pelo menos, não desarrumar! Na semana passada aconteceu um episódio assim. Cheguei e o que eu mais queria era tudo no lugar. Eu sou do time que aprecia a casa arrumada, os detalhes. Gosto de limpeza e sei que, às vezes, sou paranoica.

O pontapé inicial foi quando enchi o saco do nosso quarto. Eu adoro inventar moda e Belchior sempre embarca nas minhas ideias e eu nas dele. Somos carne e unha nessa parte. Cansei do marfim gélido e verde chá das paredinhas com o teto branco. Tudo lilás!! Vamos mudar, deixar o quarto aconchegante! Ele topou e arrumamos um pintor. Compramos as tintas, um lilás mais forte para a parede da cama. Tom sobre tom, mas de um jeito original. Pensei que Belchior fosse odiar, mas ele adorou. O quarto realmente ficou lindo, fizemos nova arrumação na decoração. Compramos dois puffs brancos para encaixar na estante. Pronto! Quarto novo!

E quarto novo vem seguido de arrumação, capricho. Pelo menos nos primeiros dias. E assim, em uma semana, todos os dias de manhã, eu colocava os puffs no lugar, arrumava a cama, guardava o edredom. Ao chegar, ligava o abajur, fechava a cortina, borrifava o cheirinho de flor nas roupas de cama, cortinas e almofadas. Perfeito!

Neste dia fatídico, cheguei em casa, roupa de cama embolada em cima da cama. Sapato espalhado pelo quarto. Catei tudo com um suspiro de ‘vou explodir’, mas contei até cinquenta e pensei que era melhor relaxar. Cheguei na cozinha. A pilha da louça dava medo. Tentei me segurar, mas não consegui. Belchior da silva sauro, você está passando dos limites. Arrumo tudo sem reclamar, mas não tá dando. Você não me ajuda em nada e blablablabla...“Casadona, você só sabe reclamar quando chega em casa”. Reclama daqui, reclama de lá, pararará, pararará...

Resolvi tomar um banho para relaxar. Coloquei água para fever. Precisava de um chá também. Belchior no computador. Quando saí do banho, mais relaxada, Belchior se aproximou. “Também vou tomar um banho”. E, sem mais nem menos, tirou a roupa e riu de se acabar sozinho. Não entendi nada. Tirou a cueca, rodou e disse, jogando pelo ar. “Quero ver reclamar agora” Ahahahahaha

A cueca ficou encaixada perfeitamente no ventilador de teto. Linda e indecente. Caí na gargalhada também. Nem quero saber, a cueca vai ficar ai. Não vou tirar. “Nem eu”!! E assim nosso quarto ganhou mais um adereço especial. Uma cuequinha branca e suja agarrada no ventilador. Belchior literalmente acabou com a discussão e jogou a cueca no ventilador. Já faz quase uma semana e ele só tirou sua cueca suja no último domingo. Sem comentários e sem mais brigas. Rsrs

2 comentários:

  1. Meninos eu vi!!! Sou testemunha viva de que essa história é verídica!!!! A cueca estava lá!

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  2. É de família. O irmão S.B. costuma esconder prato sujo de baixo da cama e esquecer. Dias após vem aquele cheiro...

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