quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Belchior e a festa de casamento em Pesqueira




Ah, a festa! Seguimos da Igreja para o local da festa, a antiga fábrica da marca Peixe, original de Pesqueira!! Pegamos o busão com o nosso amigo Marquinho Garanhuns, junto com outros amigos e familiares dos noivos, que lotaram nosso transporte!

Belchior já havia começado os trabalhos durante a cerimônia, num boteco próximo à Igreja. Portanto, quando entrou no ônibus, já começou uma discussão inusitada sobre o papel dos índios na sociedade. Tudo porque o avô do noivo disse que uma das propriedades da família da noiva havia sido invadida e doada pela FUNAI aos nossos queridos indígenas.

“Tenho horror a esses índios. Não fazem nada, não querem trabalhar, só querem pegar a terra dos outros e ficarem vendendo muamba. Dinheiro fácil a gente tb quer, uai”. Ainda bem que chegamos rápido ao salão de festas! A discussão duraria horas!

A festa foi um glamour só. Um luxo! Com direito a banda tocando 5 horas seguidas, lagosta, camarão, uísque e tudo mais à disposição dos convidados. Belchior começou na cervejinha e esta já foi suficiente para ele dar seu showzinho. Como a banda era super eclética, os ritmos mudavam freneticamente a cada música. De ‘Chora, me liga’; ‘Michael Jackson’, ‘New York, New York’; ‘Calypso’ a ‘Black Eyed Peas’! Tudo junto e misturado.

Belchior já estava num estilo incrível. Como o terno dele não cabe mais e ainda não comprou outro, lançou o estilo calça jeans, blusa social e blaser, destoando de todos os convidados. Mas como isso para ele é até bom, com 30 minutos de festa já tirou o paletó. Com seu gingado a la ‘Coisinha de Jesus’, imitou a Joelma, jogando sua careca para um lado e para o outro. Pulou como um jagunço selvagem, imitando uma boiada, dançou até o chão, bailou de todo os jeitos e modos que se espera de uma figura como ele.

Mas o seu objetivo era chegar até o palco. Belchior ficou fascinado com a banda e todos os seus componentes. Aos poucos, em meio ao nosso grupo de amigos dançando no meio da pista, ele se chegava sozinho, como quem não quer nada, assim, para perto do palco. Fazia cara de cachorro triste, querendo o frango assado da padaria. Mas os caras não davam bola não.

Bem, enquanto o palco não o recebia, Belchior e os nossos amigos (me incluo também, claro) deram um show de diversão! Até lambada rolou com atuação mais do que digna do nosso amigo G., mais conhecido como Zé Pesqueira!!

Para não dizer que não falei das flores, como será que nosso amigo mulherengo R.T. estava? Louco para pegar alguém. Já estávamos no segundo dia oficial da viagem e nada! R.T. passou a noite sassaricando. Sumia de vez em quando, voltava com um uisquinho na mão. Mas sem uma muchacha ao lado.

Depois das 3 da matina, seria a vez do DJ não sei quem ferver a pista. O recado da noiva era de que a gente só poderia ir embora de manhã! Então, na troca da banda pelo DJ, Belchior, como um gato ávido e ágil, subiu no palco, pegou o microfone e pronto!

O circo estava armado! Ele queria cantar o hino da terrinha para marcar presença em Pesqueira. Mas, acabou fazendo playbacks do Luan Santana e de outros sertanejos de plantão. No fim, quase todos estavam no palco, cantando e dançando, inclusive os noivos! Festa pernambucana e da terrinha, claro!

O dia estava amanhecendo e resolvemos partir. Belchior estava realizado. Cantou no casamento e havia consumido muitos litros de cevada e até umas doses de uísque. Balança bem mais para lá do que para cá. Estava trocando as pernas literalmente. Cumprimos o combinado com a noiva, que também já estava para lá de bragatá e passou super mal, de ficarmos até os primeiros raios de sol.

Resolvemos pegar um táxi, que estava paradinho na porta da festa. Táxi de cidade do interior, sem lenço e sem documento. Após esperarmos a noiva literalmente mergulhar no banco traseiro do carro que os levaria de volta ao hotel, resolvi acelerar a nossa volta.

G., o Zé Pesqueira, entrou no banco de trás. Dormindo sentado. Belchior insistia para eu ir na frente com o motorista. Como não quis contrariar os bêbados e oprimidos, lá fui eu. Quando sentei e puxei o cinto de segurança, dei um grito tão alto que Zé Pesqueira chegou a abrir os olhos, mas voltou a dormir. Belchior estava do lado de fora e me ignorou.

Senti uma dor lacerante, como se algo tivesse rasgado minha pele. Olhei para o lado e não vi nada. Só minha perna ardia muito, muito mesmo. Quando olhei novamente procurando o que havia me machucado, eis que o vejo, grande e saliente, marrom, me passando a sensação de dever cumprido. Um puta marimbondo havia me ferroado sem dó nem piedade. Saí de fininho, pulando-o no banco e corri para os braços do meu marido. Precisava de ajuda. Alguém pode tirar o ferrão da minha perna, por favor? O marimbondo me ferroou. Aiaiaiai, tá doendo, tá doendo. Palavras em vão. Belchior ainda disse: não se preocupe, foi um escorpião! E ria zoinho, trêbado da minha cara. Ninguém me ajudou, pois todos estavam bêbados, claro. Voltei para o hotel com minha ferroada e fui dormir. Fazer o que, né!

No dia seguinte e nos sete subsequentes, em que tomei antibiótico e tudo, fiquei com um inchaço grande, dolorido e vermelho. Voltei de Pesqueira com uma ferroadinha básica.

Para fechar esse post, uma curiosidade: R.T. não pegou ninguém na festa. Até Zé Cintura, nosso amigo R., tinha se dado bem. R.T. estava inconformado!! Mas, ainda tínhamos dois dias! Em breve, a última história da viagem!

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