quarta-feira, 28 de abril de 2010

Belchior e o dialeto da terrinha


Depois dessa história das antigas, existe outra coisa que eu gostaria muito de enfocar aqui no blog: o vocabulário, linguajar e os causos de Belchior, ou melhor, da terrinha como um todo. No começo, achei que só Belchior tinha esse dialeto próprio que as pessoas morrem de rir, principalmente porque, misturado a isso, têm todas as alucinações, devaneios e mentirinhas agregadas. Nenhuma história é contada da mesma forma por ele, tampouco os detalhes são os mesmos. Some a eles uma dose de birita, bom humor e a boa e velha aumentada no conto!

Quem sabe até o fim do ano eu não concluo a minha empreitada que é escrever um livro sobre o vocabulário da terrinha! Enquanto isso não rola, resolvi, com a ajuda de alguns conterrâneos de Belchior, começar a destrinchar um pouco do dialeto terrinhalês belchioriano.

Pela proximidade da terrinha com o estado de Minas Gerais, os costumes mineiros estão mais enraizados do que qualquer coisa. Todos pensam que Belchior é mineiro, uai! E ele enche o peito com todo orgulho para dizer que é duas vezes fluminense (de time e de estado). Bem, mas não há um só dia que ele não diga umas cinco vezes “Nossenhora”, juntando todas as palavras como um bom mineiro. Segue um pequeno diálogo protagonizado por nós dois muitas vezes.

Pelámordedeus, Casadona, me deixa em paz. Pelámordedeus! Larga eu ficar sozinho aqui na sala vendo TV. Larga eu ir ao bar, ué, quéqui tem? Gentiiii do céu, larga eu beber! Que perguntação é essa? Você é muito perguntadeira! Gentiiii do Céu. Eu vou lamber uma gelada com meus amigos. Quéqui tem? Quantas horas? Vou ligar para o mulato. ‘Fala motoboy. Vamos lamber uma? Vou beber como um gueopardo. Casadona não me larga em paz’”.

Tradução
Larga
= deixa
Perguntação = quando se faz muita pergunta
Perguntadeira = quem pergunta muito.
Lamber = Beber
Fala Motoboy = ??? Oi cara, beleza?
Beber como um gueopardo = beber muito?? Não sei nem se existe gueopardo, mas enfim...

Na maioria das vezes, quando chego em casa do trabalho, a primeira frase dele é “Cê ta cum fome? Eu tô com a fome do leão banguela”. Não sei dizer para vocês o que é a fome do leão banguela literalmente, se o leão banguela, já que ele é banguela, tem tanta fome assim, mas o significado é: estou com muita fome!

Sempre que vamos para terrinha então, aí que me divirto muito. O papo rola assim:
“Hoje tem piscinália. Vamos? Que gambiarra cê tava pegando ontem na boate, hein?!! Hein? Mas, hein? Ahahahahaha. Que retardado cê é, hein, cara. Pô, to na maior grota. Lambi todas ontem”.

Sim, caríssimos. Não conseguiram entender quase nada? Nem eu das primeiras vezes que ouvi essas coisas! Pasmem vocês:
Tradução
Piscinália = FESTA EM VOLTA DA PISCINA DO CLUBE!
Gambiarra = mulher feia
Boate = é o clube e não a boate!!
Grota = ressaca, no brilho, como você quiser!

“Casadona, não acredito que cê não sabe o que é piscinália. É lógico, cara, uma festa no clube em volta da piscina! Cê fica rindo. Nada a ver. Cê que não entende nada”! Gente, passei mal de rir. E assim vou tentando entender cada dia mais algum dialeto novo que aprendo.

3 comentários:

  1. Essa de que a boate é o clube e não a boate sempre me confunde... rsrsrs

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  2. 6 horas da manha q vc lendo blog ,Helio??
    q q vc tava fazendo hein????



    abraço

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