quarta-feira, 31 de março de 2010

Os pais, a criação e o canto com a vendedora de amendoim




Depois da sexta inacreditável com direito ao ‘artista’ Belchior protagonizando a novela mexicana “Estou indo embora de vez, arrumando as roupas’ e se reconciliando ao final de sua performance, o fim de semana foi cheio de carinho, alegria e mais aventuras do meu marido.

Já mencionei aqui diversas vezes que Belchior adora cantar. J., a minha sogra, sempre diz que essa virtude do filho é desde pequeno. “Um dia, numa festinha do clube, ele era pequenininho, mas quis subir ao palco e cantar. Cantou direitinho, uma gracinha! A canção era ‘Temporal de amor’, de Leandro e Leonardo! Todos aplaudiram muito! Eu fiquei emocionada, bati tanta palma”, contou orgulhosa dona J.

Aliás, também preciso escrever algumas coisas sobre os pais e a criação de Belchior. Quando conheci a família R., tive a impressão de que estava fazendo parte de algum episódio da Grande Família. Sim, aquela coisa louca, muita gente, um grita dali, outro de lá, conversam, implicam, riem. Uma sensação gostosa, engraçada, por muitas vezes emocionante de convivência.

A. e J. formam um casal que dá gosto de passar horas a fio juntos. Engraçados, amorosos, divertidos, implicantes um com o outro, acolhedores, extremamente humanos, atenciosos. Desde os primeiros momentos que passei ao lado deles, a sensação foi muito gratificante. Um casal à moda antiga, cuja criação dos filhos se reflete bastante no que eles são hoje.

Os pais A. e J. foram, ao mesmo tempo, severos, dedicados e muito cuidadosos com a criação dos meninos. Começarei falando do meu sogro A., médico renomado na cidade e com quem criei uma afinidade paterna muito forte. A. criou os filhos com uma postura bem de pai do interior, a quem todos respeitam e tinham medo. O pai que fazia de tudo para que os filhos não se desvirtuassem, não se influenciassem pela vida fácil e sem compromisso de algumas companhias, que saía de madrugada em busca dos filhos espalhados pela cidade, a quem todos admiravam. O pai carinhoso, presente, deliciosamente amigo, parceiro. Mas que não tolera falta de educação, de respeito e de caráter.
Dizem que Belchior é muito parecido com ele fisicamente quando mais novo. Não sei. Mas de coração e espírito de família tenho certeza de que são almas gêmeas.
Ansioso, ás vezes estourado, mas com uma delicadeza, carinho e amor que faz a gente parar o que estiver fazendo para ouvi-lo sem pressa, ouvir seus conselhos, dedicação, suas histórias. Hoje ele é, além de sogro, um pai emprestado. Curioso, nos ajuda em tudo no apartamento, conserta daqui, melhora dali, ele é a nossa referência! Sem contar que sou fã número 1 do seu cafezinho!

J. é uma mistura de admiração e amor sem precedentes. Ela ocupou de vez o meu coração. Apesar de nos primeiros momentos que soube que Belchior estava com outra não ficar muito receptiva a minha pessoa, esperei devagar a minha hora de aproximação. Confesso que morri de medo de conhecê-la, mas a empatia foi recíproca. Verdadeira, firme, mãezona, crítica, animada, carinhosa, atenciosa, ela foi se transformando em minha referência como mãe, mulher, esposa.

Observei-a atentamente desde o nosso primeiro encontro. Um pouco ressabiada. Aos poucos tentei mostrá-la que não precisava ficar com medo de nada. Cada pessoa era especial e eu queria apenas ser feliz e, se fosse possível, ganhar o seu coração. Ainda me lembro do dia que acordei cedinho na minha primeira viagem à terrinha. Fui para cozinha tomar café com ela. Conversamos tanto que nem sentimos. Lágrimas, risadas, tudo muito à vontade. Agarrei a oportunidade de ter, além de uma sogra, um carinho de mãe, um colinho que, infelizmente, Deus me levou. É para ela que ligo quando estou em dúvida de algo, quando quero um conselho, quando sinto saudades, quando estou preocupada. Para mim ela é uma mistura de mãe, amiga, sogra. Às vezes fico enciumada (strogonoff de chocolate então rsrs), pois ela tem que dividir sua atenção com 4 noras!! Mas sabe como ninguém fazer de cada uma especial.

Como mãe ela dá um show. Faz tudo pelos filhos. Mãe coruja, preocupada, atenciosa, que cobra atenção também, ué! Que quer todos juntos, que adora passear, sair, se divertir, que compra cuecas para eles até hoje, que critica de um lado, puxa a orelha do outro. Chora, é sensível (igualzinho ao Belchior e ao C.), que vibra, se orgulha, que sofre, que ajuda, que ampara.

O casal A. e J. é aclamado com mérito por todos que os conhecem. Mas aqui reflito o que eles representam para mim e minha nova família. Quando eles vão nos visitar na nossa cidade, eu faço questão de ajustar todos os meus compromissos, agenda, saídas para encontrá-los. Quero e faço questão de estar com eles quantas vezes pudermos. Eles também fazem de tudo para nos agradar. Mimos, quitutes, queijos, comidinha congelada. Não esqueço o dia do casamento. Fiquei emocionada e surpresa com o discurso de J. “Depois de 35 anos eu ganhei uma filha”. Que honra.

Tudo isso para dizer que os pais de Belchior, apesar de uma criação com carinho, respeito, educação e firmeza, também souberam respeitar e incentivar cada filho com suas particularidades. Cada um é de um jeito muito diferente, mas ao mesmo tempo muito parecido. Porque eles têm a mesma essência, a mesma estrutura familiar. E eu acho que isso é tudo na vida.

Confesso que algumas vezes cheguei a sentir inveja do Belchior quando ele me dizia que não tinha problemas. Como pode alguém não ter problemas? E ele batia o pé e dizia: “Casadona, às vezes eu canso dos seus problemas porque nunca tive. Não sei o que são esses problemas de família. Não passei por essas coisas”. E realmente eles não têm. A criação e estrutura familiar não deixam resvalar isso nos filhos.

Então, é por esse instinto de família, esse acolhimento e integridade que Belchior pôde ser ele mesmo e mostrar seus dotes artísticos desde pequeno. Com o incentivo dos pais. Criar 4 machos meio maluquetes não é para qualquer casal. Com um mundo regado às drogas, violência, má educação, respeitar cada filho e deixá-los serem eles mesmos é uma grande sabedoria. Por isso que Belchior nunca teve vergonha de ser ele mesmo e agora, depois de vinte e tantos anos, ele tá se fazendo com suas peripécias! rs

Bem, continuando a história de sábado à noite, fomos ao aniversário do meu tio num barzinho. Belchior é um cara da noite. Encontramos com meus primos que também adoram uma bagunça. No fim, quando eles estavam mais para lá do que para cá, eis que aparece a vendedora de amendoins conhecida de Belchior. Ficamos sensibilizados e compramos a iguaria. Eu olhei sério para o meu marido. Desperadamente. E ele, com aquele sorriso de canto de boca, começou.

“Querida, você não é cantora? Cadê a música do Mané Garrincha? Eles não conhecem e querem ouvir”. E riu. Pronto, o nosso fim de noite estava fadado às histórias e cantorias da dona amendoim. O refrão era o mesmo para todas e Belchior cantava em coro com a senhora. “É Gol, é Gol, é Gol! Ele é um fenômeno”. Tudo em um tom muito suave.

Enquanto ela cantava a música de todos os jogadores de futebol que Belchior pedia (e a música do Romário? E a do Ronaldinho?), a gente mastigava com raiva, jogava os amendoins nele para parar, batíamos palmas, dizíamos tchau, mas ele estava amando.

Nada adiantava. Foram 40 minutos de sofrimento. Belchior perguntou tudo da vida da senhora, ela mostrou até a carta escrita para o Gugu Liberato, falou da família, de religião, disse que tinha todas as músicas registradas, que ela não mostrava a letra, virava para mim, puxava assunto, virava para meu primo: “ninguém me ajuda, né, moço”. Virava para Belchior e cantava de novo: “É Gol, é Gol, é Golllllll. Ele é um fenômeno”.

terça-feira, 30 de março de 2010

A volta dos que não foram


Depois do nosso domingo chicleteiro, a semana começou arrastada e pesada com o trabalho. Além disso, ainda tive que ajudar minhas duas grandes amigas com problemas pessoais e seus namorados, que me ligavam também. Passei a semana entre o choro de uma, o choro da outra, a ligação de um namorado, conselhos para o outro. Enxuga a lágrima daqui, dá esporo dali, conversa de cá, pensa de lá. Afff!

Ainda tive que dividir meus ânimos com a minha profissão. Ser assessora de imprensa é uma arte. Já tinham me falado sobre isso e eu não acreditava. Comecei a ficar boa na área porque abusei de três coisas que tenho: paciência, educação e muita persistência! A minha empreitada principal da semana foi conseguir convencer a equipe do jornal O Globo a fazer uma matéria de capa do aniversário do shopping que eu assessoro. Gol de placa! Mas a foto da capa seria com a estrela da campanha, uma modelo e atriz famosa, que me tirou todo o sono e humor que ainda restava.

Ok, ok, era sexta-feira, o dia mais esperado da semana e eu queria encontrar uma amiga que mora fora e estava pelo Rio. Belchior estava voltando de viagem e, para variar, tivemos um erro de comunicação. Eu pensei que ele ia me encontrar e ele pensou que era para irmos para casa. Desencontro. Era o que bastava para meu estresse ficar mais alto. Desisti de encontrá-la, estava exausta e mal humorada, e vim para casa.

Quando cheguei na esquina do prédio, Belchior me esperava fazendo o que ele mais gosta. Estava sentado no boteco, tomando sua gelada da noite. Sorrisão no rosto. E eu tiririca da vida. Nem dei confiança. Um ‘oi boa noite geral’ e subi. Cheguei em casa, larguei a bolsa, me joguei no sofá. Terminei de ler o livro que estava me salvando nessa semana complicada. Fim da história. Dei cinco voltas pela casa. Queria ter ido encontrar minha amiga. Mas não fui. E agora? Procurei uma passagem de ida para lua (precisava me desligar do mundo algum tempinho), mas também não encontrei. Só me restava tomar um bom banho (peguei todos os meus cremes e esfoliantes) e deixar a água levar meu cansaço e mau humor. Coloquei meu roupão, toalha enrolada na cabeça e, quando abri a porta do quarto, Belchior já estava em casa.

Respirei fundo e fui falar com ele. Belchior, vou sair. Ele rindo, deitado na rede, com umas cervejinhas na cabeça, completamente relaxado. “Posso ir também?”. Não, quero sair sozinha. Eu não queria sair sozinha, mas estava p da vida. “Tudo bem então”. Como tudo bem? E começamos uma discussão normal de casal, em tom baixo. Você fala uma coisa para mim e faz outra. “Você que não entende o que eu falo”. E parará, parará.

Do nada, Belchior se levanta e me diz. “Quer saber? Cansei. Vou embora de vez. Vou voltar para o meu apartamento com meus irmãos”. O quê??? Que isso, Belchior! Não tô entendendo. “É isso mesmo que você ouviu”. E saiu da varanda. Eu fui atrás. Entrou no quarto, abriu o armário e retirou camisa por camisa, dobrando todas cuidadosamente.

Belchior, o que é isso? Que bobagem é essa. Não falei nada demais para você ir embora. “Você é sempre dona da verdade. Não quero conviver com isso para o resto da minha vida. Fica tranqüila, você é linda, uma mulher sensacional. Vai refazer sua vida rápido”. E abriu a gaveta de cuecas e meias. Começou a dobrar uma por uma. Belchior, que palhaçada é essa. Vamos conversar. Depois de tudo que vivemos vamos terminar assim? Larga isso tudo aí e vamos dar uma volta para conversar. Por favor.

Não sei descrever para vocês o que senti naquele momento. Fiquei chocada, estarrecida. Coloquei minha mão dentro do bolso do roupão para conter o nervosismo. Como assim, gente? Tanto amor, tanta loucura, tanto empenho, tanta alegria. Terminar assim, do nada? Belchior, pare com isso. Vamos conversar. Minha voz começou a ficar embargada. “Fica solteira aí com suas amigas. Eu vou embora mesmo”. Um desespero, aos poucos, tomou conta de mim. O que será que eu tinha feito para ele tomar essa atitude? Pensei em ligar para todo mundo. Agora ele começava a dobrar as bermudas.

Não pensei duas vezes. Com o coração disparado, puxei Belchior e o abracei. Com o choro preso na garganta, pedi. Por favor, Belchior, o que está acontecendo? Aí veio a grande surpresa. Inacreditável. Belchior me abraçou forte, caiu na gargalhada e me disse: “Amor, você acha que eu vou embora? Eu te amo demais! Eu sou uma artista, foi só para brincar com você”. Genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, o quê??????????????????? Ele fez tudo aquilo de brincadeira. Caiu na cama e começou a rir. Caí em cima dele e dei uns dez tapas e socos no braço! Como você pode brincar comigo assim????? Fiquei em estado de choque maior ainda!

E calmamente ele começou a desdobrar a pilha de roupas formada em cima da cama, cantando e rindo, e colocando cada uma cuidadosamente de volta ao seu lugar de origem! Sim, caros apreciadores deste singelo blog! Ele quis fazer uma brincadeira, ele era um artista, ora! Será que eu não sabia disso? Rsrs


Não acreditei. Tive vontade de ficar absurdamente com raiva, de bater nele, de mandar ele embora de verdade! Como pode brincar assim, tão sério, me dar um susto desses? Mas não tiver forças. A frase ‘Eu sou um artista’ me quebrou de todas as formas. Peguei um suco e sentei na sala. Não sei mais o que fazer com esse meu marido. Ele é um artista, pensava eu. Não dá nem para brigar sério!

Depois de colocar suas roupas de volta no armário, ele veio para sala. Disse mil e uma frases de amor. “Vamos sair, Casadona. Tô louco para tomar outra cervejinha”. Mudei a roupa e fomos dar uma volta. Um dia eu ainda vou ter um treco com Belchior e suas peripécias. Aí vocês me procurem direto no hospital.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Chiclete, o xixi das pururucas e a cara pintada


Apesar de toda empolgação para o carnaval de Salvador, Belchior não conseguiu ver o Chiclete com Banana passar, pois no dia que passamos lá o percurso da banda era outro. Como temos um amigo chicleteiro de corpo e alma, eis que compramos os ingressos para ir ao 'Voa Voa' no domingo pós compra de Margaridinha, no Rio mesmo.

Adoro ir a eventos de axé, mas confesso que estava muito cansada e só de pensar que começaria minha semana com uma micareta nas ideias, ficava meio mal. Tentamos ir para o nosso ponto de encontro com a Margaridinha, mas estava chovendo e a minha estreia como a equilibrista foi adiada para o próximo fim de semana.

Meu irmão resolveu ir também e a diversão foi garantida. Belchior colocou todas as suas emoções para fora e putarias com meu irmão, seu pupilo naquele momento. Cantou, pulou e vibrou com os seus hits preferidos, como “Chicleteiro eu, Chicleteira ela”, “Voa, Voa” e etc. As pessoas em volta adoravam a disposição dele.

Fiquei puta quando eu e minha amiga, esposa do chicleteiro, voltamos do banheiro (aquele inferno para usar os banheiros químicos já conhecidos de todos) e os três marmanjos (Belchior, meu irmão e o chicleteiro) estavam parados, rindo, boquiabertos, a-d-o-r-a-n-d-o a cena que estavam vendo. Um grupinho de pururucas estava fazendo paredão, tirando o short, mostrando a calcinha e todas as outras coisas (isso, até eu vi as outras coisas) ao fazerem xixi na frente deles. Uma delícia! Pegamos no flagra!

Aí o tempo fechou. Belchior achando lindo, adorando. Discutimos todas as teorias machistas para esse momento. “Isso é inerente, os homens olham mesmo”, quando eu coloquei que se fosse ao contrário, um grupo de homens colocando literalmente o pau para fora, nós mulheres casadas, olharíamos para o outro lado. Será que eles gostariam de pegar suas esposas manjando no meio da micareta?? Ficaram com cara de bobos.

Enfim, desisti de ficar discutindo, mas coloquei na minha cabeça que da próxima vez também vou olhar, rir e me deliciar com a cena. Do mesmo jeito que eles estavam. Meu irmão, solteiro nato, ficou entre os casais só rindo, claro. E tentando defender a classe machista! Nem deixei ele terminar!!

Mas, Belchior se divertiu mesmo foi colocando todas as mulheres na fita do meu irmão. Escolhia as mais feias, as mais gordinhas e começava o discurso. Não durava 10 minutos e as pururucas se agarravam ao meu irmão naquele beijo melado, corrido que só existe em micareta! Belchior vibrava, parecia que ele recebia o beijo!! Vai entender.

Para me deixar mais p da vida ainda, eis que ele sai do empurra empurra do trio e vai comprar cerveja com meu irmão. E os dois voltam com os rostos pintados, tinta fresca na bochecha e aquele risinho preso no canto de boca. Belchior, que merda é essa? Quem te pintou? “Casadona, foi a mulher que seu irmão pegou por lá”. Já estava cansada e nem quis discutir. Mas a raiva passa rápido porque ele sempre arranja um jeito de me desarmar e, no meio das minhas perguntas, saímos pulando ao som de “Chiiiiiiiiiicleeeeeeeeeeteeeeeeee, oba, oba”.


No fim, Belchior mortinho da silva, com as pernas doloridas e a bunda doendo das pedaladas em margaridinha na véspera, me confessa. “Adorei ver o chiclete, mas tô com uma saudade da bicicleta”. Ninguém merece.

terça-feira, 23 de março de 2010

Belchior e sua bicicleta amarela com cestinha


Era uma vez uma bicicletinha amarela com cestinha e tudo. Sabe aquele modelo retrô, chamado Surf? Com cestinha, lugar para o carona e até lugar para o pé do carona? A Margaridinha (desculpe, mas já coloquei esse apelido e vai ficar. Para os mais íntimos, DINHA) apareceu assim, do nada na minha vida, no último sábado de manhã.

Há tempos Belchior anda super estressado, de saco cheio de dirigir, fazendo um monte de ousadias e peripécias no trânsito. Ele é obrigado a trabalhar de carro e viver dirigindo, indo para Caxias, Botafogo, Centro do Rio, Macaé, Santos, enfim, passa o dia na charanga e sempre que nos encontramos, ao fim do dia, está com os nervos exaltados. Aí mora o perigo porque as pessoas acham que carro é arma e crescem dentro dele. “O que foi, viado? Vou parar esse carro. Passar por cima então, idiota”. Belchior estava assim, uma tristeza. Chegou ao ponto de apontar o dedo para um cara, achando (a que ponto a gente chega rsrs) que estava realmente armado e podia ameaçá-lo.

Bom, eu fiz o que pude para aconselhá-lo a procurar terapia, a mudar de emprego, ser mais feliz. Trânsito estressa, eu sei. Dirijo nos fins de semana e também ficou p da vida com as barbeiragens e tal. Mas, pô, na boa? Sempre digo a ele: você reclama, mas vai pegar seis conduções por dia como eu? Ônibus, barca e ônibus na ida e tudo de novo na volta. Choveu, ferrou. Eu sim tenho motivos para reclamar da vida....rsrsrs

Como sempre, Belchior arranja um jeito de me surpreender absurdamente e aos outros, claro. Tive uma semana de cão no trabalho e, sábado pela manhã, de tão cansada, perdi a minha drenagem. O celular despertou e quem saiu da cama, pasmem, foi Belchior. Tomou banho, colocou um look 'sábado de manhã vou caminhar, pois sou esportista ta olhando o que?', me deu um beijo e saiu. Não vi mais nada.

Um pouco mais tarde acordei e fui para a minha manhã de beleza. Enfim, um dia para ser feliz! Meio de mau humor, mas tentando pensar nos benefícios de alguns momentos no salão. Cabelo para o alto, mãos e pés entregues às profissionais de beleza, meu celular toca e era ele. Oi meu bem, tudo certo? Por onde você anda? “Comprei uma bicicleta amarela, amor. Agora não ando mais de carro nos fins de semana”. O quê, Belchior? Como assim comprou uma bike? “Comprei e mandei colocar uma cestinha, banco traseiro e lugar para vc colocar o pé. Agora esse será nosso transporte”. E desligou.

Meia hora depois ele liga de novo. “Amor, estou voando, cara! Uhuhu, otário, tá aí no engarrafamento e eu tô de bike”. Alô, Belchior, tá falando cmg? “Não, tô zuando o cara de carro ali. Ahahaha. Cara, que sensação de liberdade! Tô passando aí no salão para você ver a bicicleta”.

Eis que ele aparece na porta do salão todo bobo. A bicicleta parece de mulher e ele nem liga. Minhas amigas foram falar com ele. “A cestinha é para levar flores e pão para Casadona. Amor, vc vai andar cmg, né?!” . Fiquei muda. Gostei da bike, da ideia da cestinha com pães e flores! Mas ele nem me deu tempo de falar nada. Saiu voando, pedalando pelas ruas, feliz da vida com seu brinquedinho novo. Zanzou por toda a cidade e parou no bar para me esperar. Quando eu cheguei, já estava para lá de bragatá. Ainda demoramos umas 3h para ir embora. A cestinha estava cheia de sacolas e Margaridinha à espera de alguém levá-la para casa.

Na hora de ir embora, quem me salvou foram uns amigos. Eu estava de vestido e não tinha como andar no carona. Ainda mais com Belchior no brilho de cevada! Agora vocês imaginem que, além de conviver com todas as suas artes e maluquices, nos fins de semana só vou poder andar na Margaridinha com ele bêbado. O bêbado e a equilibrista em carne e osso, gênero e grau desfilando pelas ruas da cidade. Sem medo de ser feliz.

Entrei rapidinho no carro e fui embora. Ele chegou em casa meia hora depois super cansado e bêbado. Disse que pedalou devagarinhoooo. Não quis colocar marcha para poder perder peso mesmo! Margaridinha já sofreu no primeiro dia com Belchior. O selim saiu do lugar. E Belchior ficou com a bunda dolorida de tanto pedalar. Com certeza Margaridinha será a protagonista, junto com seu mais louco cavaleiro, de muitas histórias daqui para frente. Aguardem!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Belchior, os irmãos e o banho de piscina de cueca vermelha




Nunca mencionei aqui, mas acho que preciso pontuar algumas coisas da relação família do Belchior para contar mais uma de suas artes e vocês entenderem melhor a pessoa que ele é. Belchior é o mais novo dos quatro irmãos, de família grande, vindo do interior, com princípios e virtudes fortes. Uma família linda que me apaixonei também. Como todos são homens, a relação é bem diferente da que eu estava acostumada, pois eu tenho um irmão mais novo. Homens têm uma forma peculiar de se tratarem e conviverem. Apesar de completamente diferentes, Belchior reúne várias características de cada um deles e os admira demais.

A tropa de elite é composta por C., o mais velho, o aparentemente mais centrado, o absolutamente mais cuidadoso, mais preocupado com a casa, mais irmãozão, mais zeloso, mais fechado e também muito engraçado. Foi o que mais demorou a me receber como nova cunhada, que me olhava meio torto, mas que é uma pessoa incrível. Eu deixei que C. me conhecesse aos poucos, no tempo dele. Hoje temos uma forte ligação e carinho. Ele é o que me trata com um carinho igualmente fraterno, que me abraça como irmão mais velho (e que adoro!!). Hoje, um grande amigo e irmão também. Belchior é a cópia mais heavy metal dele (como ele mesmo me disse e concordei na hora). Engraçado de natureza, com um coração enorme, com suas manias, mas admiravelmente do bem, super família, extremamente emotivo. O mais tricolor. O coração e a emoção em pessoa. Igualzinho ao Belchior!

S. é o segundão e o mais louco e descaralhado de todos, o que nos faz morrer de tanto rir, o que fala 11 palavrões em 10 palavras, o nervoso, o estressado, o mais do que engraçado, o que nos faz passar o dia inteiro com ele e termos a sensação de que o dia está só começando. O que nos acompanha, o mais escudeiro e amigo de Belchior, o confidente, o mais parecido fisicamente (os dois são calvos), o mais chegado, o mais companheiro, o sincero. Ele foi o mais descacetado que me recebeu, o que aconselhou ao Belchior a pensar bem antes de assumir algo comigo, afinal “Quem é essa piranha que você ta saindo ai? Pensa bem, hein”. O que mais tive medo de conhecer pela sinceridade, porém o que me conquistou mais rapidamente com o sorrisão e as palhaçadas. O que sempre me dá uma abraço, puxa meu pé, me dá susto de manhã, me chama de cunhada de uma forma carinhosa (aos gritos...rsrs). No quesito palhaçada e putaria, Belchior aprendeu com todo o requinte ensinado por S. a ser igualmente louco, engraçado, divertido. Com os dois, não tem tristeza. Só diversão.

F. é, apesar da aparência tranqüila, o mais louco de todos. O terceiro filho da família R. Muito engraçado também, mas de um jeito particular e muito divertido. Sensível por dentro e meio frio por fora. Parece que não se importa, mas se importa muito. Foi o que me recebeu de braços abertos, o que desde o começo conversou comigo, quis saber da minha vida, que me dava atenção quando eu ficava no sofá quieta, esperando Belchior sair do banho, o que compartilhou a minha admiração por tubarão, que comprou smirnoff ice para mim, que me deu papo, me deu carona, o aparentemente complicado, mas com um coração enorme, inteligente, competente, o mais distante, mas ao mesmo tempo o mais solícito. O que mais sentiu a saída do Belchior de casa. Os trejeitos são iguais. O olhar, as respostas, o jeito de falar então... Se ele soubesse o quanto Belchior e eu o adoramos e admiramos!

Falei disso tudo para dizer que Belchior é fruto dos três irmãos mais velhos, mas com vida própria. É um somatório de tudo e a diferença de todos. É um reflexo vivo de todos eles. Belchior vibra com cada emoção que eles vivem, com cada conquista, com o orgulho e admiração que só os mais novos alimentam de seus irmãos mais velhos. Eu acho o máximo. É a família que sempre quis ter, além da que já tenho. Amo os momentos que passamos juntos, as risadas, os almoços, as saídas. Faço de tudo para que eles se sintam bem porque gosto deles de verdade e os olhos de Belchior brilham tanto ao falar deles que me emociona. Assim como os meus brilham pelo meu irmão.

Da última vez que nos encontramos foi um barato. Só faltou F., pois estava de plantão e não pôde ir. Como C. está morando distante agora e S. também, a bagunça foi grande. Belchior deu aquele show peculiar que foi acompanhado pelos irmãos.

Porém, em meio ao churrasco rolando na cobertura, fomos vítimas de um temporal arrasador. E a cobertura não tinha cobertura! Vejam que incoerência. Mas isso não era problema para os meninos! Depois de muitas cervejas e risadas, eles pularam na piscina. Pareciam pintos no lixo. Porém, Belchior não estava de sunga. E não tinha nada para pular na piscina. Ainda tentou vestir a bermuda do amigo, mas não coube. Ficou olhando com olhar de “quero ir também’.

“Amor, quero ir na piscina”. Mas como querido? Você não tem sunga aqui. E essa bermuda é de pano. “Posso pular de cueca”? O quê????? Ficou louco? Temos mulheres no recinto, uma grávida, criança. “Mas eu quero, eu quero”. Bem, então pergunte às moças de plantão e aos respectivos se eles se importam. Suei frio. Belchior estava de cueca vermelha. Surreal. “Todos deixaram, amor. Vou pular”. Ok, se ninguém se importa, quem sou eu, né! E começou a tirar a roupa, pulou na piscina, cervejinha em mãos. Ahahaha, me senti a mãe deixando o filho brincar na piscina de cueca vermelha.

S. ainda estava lá e amou. Todo bobo com a atitude do irmão mais novo. Belchior é sem pudores e se diverte de qualquer jeito. No fim das contas, o meu ‘bebê’ saiu da piscina com frio e estava molhado. Tirou a cueca e colocou o short. No dia seguinte ainda pegamos outro temporal. Dessa vez ele se comportou. Nada de banho de chuva. Imagine se ele quisesse ficar de cueca em pleno bar? Era só o que me faltava.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Rapa careca


O Carnaval acabou e voltamos a nossa rotina. Mas, desde o fim do ano que Belchior estava com idéia fixa: raspar a cabeça. Ele é calvo e tem umas entradas grandes, passíveis de todas as zuações possíveis. Eu já o conheci assim e não ligo. Mas ele, por já ter sido um baita cabeludo, por não ter saco nem vontade de cuidar do cabelo e sempre cortar em um lugar vagabundo (ele só corta naqueles barbeiros dos anos 80, sabem? Todos do centro, com aquela espelunca que chamam de barbearia), queria se ‘assumir’ careca e ponto.

“Casadona, meu cabelo está horrível, vou raspar”. Claro que está horrível, você só corta nos piores lugares, de 2 em 2 meses, quando você fica igual ao Galeão Cumbica, com aqueles tufos do lado. Se você se cuidasse melhor, com certeza haveria um jeito de ter um cabelo mais arrumado. “Vou raspar”. Não vai não. E assim consegui segurá-lo durante 3 meses.

Gente, eu não gosto de cabeça raspada. Não gosto mesmo! Acho um desperdício, deixa para ficar careca quando realmente não tiver mais jeito! Belchior é novo, cara, daqui a uns anos, tudo bem, será inevitável. Mas agora? Para que? Sem contar que eu gosto daquele cabelo mal jambrado dele, quando ele fica puto e coloca para cima, fica igual ao Jack Nicholson.Um charme, ninguém me entende, mas o amor é assim! Rs

Mas todo esse bláblá é para dizer que não consegui segurar Belchior por muito tempo!! Eis que um dia ele chega em casa com uma máquina de raspar comprada diretamente do camelô! Uma maravilha. Dez tipos de pentes para raspar o cabelo! Tremi na base. Ele ficou meio cabreiro, receoso. A máquina ficou guardada na gaveta uns 10 dias ainda.

Num sábado à tarde, enquanto eu pegava um suco na geladeira e sentava, ele foi ao banheiro, ligou máquina e começou os trabalhos! “Raspa minha cabeça, amor”. Não raspo. “Por favor”. Não. Até que ele escolheu o pente número 6 e começou a testar. Pegou aquela mexa da frente, levantou e raspou embaixo. Depois foi para a costeleta. Eu sentindo aquele frio na barriga. Vindo de Belchior, com certeza sairia alguma coisa hilária por aí.

Não acabei de pensar isso e volta ele rindo de passar mal. “Amor, olha a merda que eu fiz no cabelo”. Gente, queria matá-lo!!!Não consigo nem explicar para vocês o que ele fez. Acho que os pentes estavam trocados e ele ficou praticamente careca na mecha da frente, com tudo descacetado do lado, uma coisa louca! Peguei a bolsa. Vamos já para o salão consertar essa porcaria!

Mas Belchior não tem jeito. Ele achou o máximo. Fomos para o centro e ele disse que iria ao barbeiro raspar tudo. Só que estava muito baixo, muito raspado, quase careca. Ele ficaria horrível. Tentei convencê-lo em vão, diga-se de passagem, que o barbeiro consertaria. Era simples, só deixar o cara cortar a parte de cima do cabelo na tesoura. Mas não houve jeito. No meio do caminho, encontramos uma tia dele. Conversamos um pouco e logo ele mostrou a obra de arte, rindo à toa, adorando a situação. Arggg!! Que raiva.

Chegamos ao barbeiro e eu nem fiquei 5 minutos. Saí puta da vida e deixei que ele se resolvesse por lá. Trinta minutos depois ele voltou carequinha da silva. Feliz e contente. Não gosto de cabelo assim e não tem jeito! Claro que agora me acostumei, mas casei com um cara que ainda tinha um resto de cabelo e quero ele de volta!!


Belchior tenta me convencer de que ficou melhor, que as pessoas estão elogiando. Mas eu não quero saber. Estou louca para que cresça logo. Quero meu Jack Nicholson de volta! Os amigos estão amando. Vários apelidos, como: Luiz Gustavo, ator de ‘Minha mãe é uma peça’; trombadinha, marginal. E ele adora! Faz parte do seu show.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Enfim, Carnaval em Salvador!


Morro de São Paulo ficou para trás e o nosso rumo era Salvador. Chegamos por volta das 13h, com uma fome e tanto! A viagem de volta foi mais tranqüila, o barco sacudiu menos. Eu e Belchior de mochilão nas costas. Tínhamos que fazer hora (e muitas horas!) para entrarmos no camarote! Nosso vôo estava marcado para as duas da matina do dia seguinte.

Turista é turista e partimos para o Elevador Lacerda. O sol estava a pino, a fila grande, mas fomos persistentes. Chegamos lá em cima, rodopiamos, tiramos fotos, seguimos para o pelourinho. Tudo estava modificado, com traços marcantes do carnaval. Quase não conseguimos ver a Casa de Jorge Amado, pois havia um palco bem na frente. Calor, ruas lotadas, fantasias, músicas, uma baianidade nagô incrível. Subimos e descemos as ladeiras. Cada um com sua mochila. Almoçamos num restaurante ótimo. Quando tirei a mochila das costas estava marcadérrima. Era maratona e já sabia disso. Apesar do esforço, estava curtindo!

Depois do almoço buscamos o abadá do camarote (gastamos uma baba de táxi, Belchior errou o local, enfim, essas coisas de Belchior que me acabam, mas tudo bem...rs). Assim que colocamos as mãos no nosso abadá, num shopping de Salvador, sentamos e ufa! Só faltava 1 hora para irmos ao nosso mais esperado destino: o camarote do carnaval!! Meus ombros estavam muito doloridos e a marca da mochila já fazia parte do complemento da blusa! Recarregamos a bateria, tomamos uma coca-cola e partimos!! Mais um táxi para o circuito Barra-Ondina!

Os nossos abadás eram rosa chiclete, uma loucura! Chegamos ao camarote achando que seria o piorzinho da parada. Ficaríamos na ralé. Mas doce engano... O nosso camarote era hiper bem localizado (em frente ao camarote da Skol, patrocinadora do evento e local obrigatório para parada de todos os trios) e também em frente ao camarote da Ivete!

Ficamos surpresos com a estrutura e tamanho de lá. Simplesmente maravilhoso! Massagem, maquiagem, cabeleireiro, costureira para customização das blusas, tudo isso de graça! Só tínhamos um problema: as mochilas! Não havia guarda volumes. Belchior emocionado com tudo, largou as mochilas no chão mesmo! “Vamos deixar aqui mesmo, Casadona. Ninguém pega não”. Tudo bem que o clima era super familiar mesmo, cheio de senhorinhas e crianças e não estava lotado. Mas eu, paranóica que sou, comecei a fuçar um jeito de guardarmos. Não sosseguei. Logo convenci a moça da customização a esconder nossas bolsas! Perfeito!

Belchior não sabia para onde ia! Tomava caipiroska ou cerveja (o nosso camarote era patrocinado pela Nova Skin, nada legal isso, né)? Resolveu o problema simples assim: uma hora era caipiroska outra hora era cerveja! E mais, burlou todo esquema de patrocínio da parada. Descobriu que embaixo do camarote tinham vários ambulantes vendendo Skol a R$1 real. Parecia a Via Show! E o esquema era sofisticado. Você jogava o dinheiro pelo parapeito e eles colocavam a Skol num baldinho com um cabo de vassoura e a cerveja chegava até você! Tudo que Belchior queria!

Nosso cansaço foi embora rapidinho quando o primeiro trio chegou. Ara Ketu bombando. Ficamos arrepiados. Realmente a emoção é muito forte, o clima é contagiante e a experiência, única. Pulamos tanto que as pessoas chegavam a nos olhar como dois loucos, coitados, iguais a pintos no lixo. E estávamos mesmo!


Entre um trio e outro, havia um grupo de axé que ensinava as danças mais famosas (“eu sou o lobo mau, rebolation, mãozinha e etc). Tive que rebocar o Belchior lá da frente, lugar que ele sempre ia (eu puxava de volta, e ele ia e eu puxava...). Ele se enfiou na frente do palco, pediu para subir, disse que dançava super bem! Rsrs
Sabe o coisinha de Jesus? Então, ele é um pouco melhor...rsrs Exagero meu, claro, mas se ele subisse, o perigo era não querer descer mais. Ai eu estava frita!

A sequencia de trios foi maravilhosa: André Lellis, Jammil (o melhor de todos), Asa da Águia, Daniela Mercury, Margareth Menezes e Cacau, Timbalada! No meio da festa, Belchior já estava bem mais para lá do que para cá, chegou a tirar o tênis e ficar de sandália de dedo. Estávamos em casa! Quando nos demos conta, já estava na hora de ir para o aeroporto. Fim de festa e de carnaval....:-(

A volta para casa é sempre sofrida. Ao chegarmos no aeroporto ainda de abadá (e eu de trancinhas e apetrechos), Belchior se jogou no chão do embarque e tirou um cochilo. Só acordou para entrar no avião. Eu fiquei lá sentada naquele momento reflexão, nostalgia, mas me sentindo feliz de ter realizado dois sonhos num momento só: conhecer Morro de São Paulo e curtir um dia de carnaval em Salvador. E comecei a fazer a lista das peripécias do Belchior para atualizar o blog em plena madruga!

O passeio de barco, a briguinha e o jantar com tango argentino


Já era segunda de carnaval e tínhamos programado passar o dia fazendo o passeio de barco pela Ilha de Tinharé. Deixei bem claro ao Belchior que os tickets estavam sob sua responsabilidade. Ele era uma espécie de líder do nosso grupo de companheiros de viagem (o colega do trabalho, a namorada, o casal gaúcho e o filho).


Acordamos cedo, nos preparamos para sair da pousada e resolvi dar uma arrumadinha básica na minha ecobag antes de ir. Nossa, tantos papeis e bobagens! A limpeza era necessária. Amorzinho, jogue isso tudo no lixo, please?! Nem olhei, foi tudo para a vala.

Marcamos com o pessoal de nos encontrarmos um pouco antes do previsto. Pagamos uma parte do passeio adiantada e faríamos o pagamento final na hora. Todos a postos, Belchior foi fazer o pagamento. “Casadona, coloquei o ticket na sua carteira. Pegue ai, por favor”. Aí, bem nesse momento, o tempo fechou e começaram os problemas!


Simplesmente Belchior havia trocado os papeis! Ele colocou o recibo das pilhas ao invés do recibo do passeio na minha carteira. Desespero total, pois naquela manhã eu havia jogado tudo fora da bolsa. Fiquei absurdamente puta!! Sempre sou responsável por tudo. Quando peço a ele para se responsabilizar por algo, acontece isso! E o pior: ele colocou a culpa em mim por ter arrumado a bolsa e ter jogado as coisas sem olhar.


O tempo fechou bonito. Os nossos companheiros de viagem se mobilizaram, tentarama amenizar a situação, conversaram com o cara do passeio. No fim das contas, deu tudo certo. Eles acharam o canhoto da empresa com nossa reserva e pagamos o que faltava. Mas para mim a história tinha ficado mal. Não queria nem olhar para a cara do Belchior. Nem ele para a minha.

Assim começou o nosso passeio de barco. Assunto resolvido, todos felizes menos nós dois. Sentamos completamente distantes no barco. Nada me tirava da cabeça a falta de noção dele ainda mais por ter me jogado a culpa. Ai, que ódiooooooooooo. Mas, aos poucos, fui relazando. Aquele mar lindo, vento no rosto e a promessa de que o passeio seria ótimo! As piscinas naturais no meio do oceano também são incríveis. Fizeram-me ficar em estado de tanta alegria e tranquilidade, que mal via o tempo passar. Mergulhava, nadava, agradecia por estar ali... Sentia-me renovada!


Depois do almoço, eu e Belchior, Belchior e eu, já estávamos em ritmo de reconciliação. Não dá para ficar muito tempo de bico com ele. Belchior era a atração do lugar. Animou o barco, brincou com o guri de Porto Alegre, nadava, pulava. Enfim, se divertiu como criança.

Depois do passeio, combinamos de jantar com os nossos amigos. Seria a nossa ‘despedida’ de Morro de São Paulo. Na manhã seguinte partiríamos para Salvador. Maratona total!

A noite foi ótima. Sentamos num restaurante de uma argentina. Aliás, o nordeste é dominado pr gringos. Argentinos, Uruguaios, portugueses e etc fazem a festa por lá. A comida era ótima, mas a mulher estava hiper enrolada. E falava espanhól, corria com as bandejas com a filha pequena nos braços, trazia os pedidos errados. Coitada! Mas Belchior sempre brincava com ela, fazia a mulher ficar pensando horas nas bobagens que ele falava. No fim, ela quas esentou na nossa mesa!


O lugar oferecia música ao vivo. Um argentino na voz e violão passou a noite tocando ao nosso lado. Belchior não perdeu tempo e já interagiu com o cara. O interessante é que ele cantava em espanhol as nossas músicas nacionais. Belchior se sentiu em casa. Pediu tango argentino (e tivemos que ouvir o música soltar a voz cantando uns três tangos argentinos). Tudo isso regado a vinho! “é nossa última noite aqui, gente! Vamos comemorar”, e brindava ele.


Depois ficou pedindo várias músicas de Fito Paes, Paralamas, Toquinho Tom Jobim e etc... E, claro, fez o cara aprender as músicas do músico Belchior. Por incrível que pareça, ficou inibido de cantar dessa vez! Ficamos até surpresos! Mas como o estilo era voz e violão e o músico não sabia acompanhá-lo, desistiu.

O dia terminou bem e fomos dormir já de bem e felizes pela primeira etapa da viagem. Agora, o rumo era o Carnaval de Salvador!! O dia seguinte prometia!

terça-feira, 2 de março de 2010

O ataque do peixinho, a tirolesa e o vinho


Acordamos cedo e fomos direto para a praia. Hoje o programa era curtir a praia de Morro! Como a maré estava baixa, andamos pelas águas da segunda praia e encontramos várias piscinas naturais lindas, água transparente, cheia de peixinhos, uma coisa! Fizemos fotos, pulamos das pedras na água, até que Belchior quis subir numa pedra para fazer uma foto. Quando ele pisou na pedra para apoiá-lo e subir, caiu e deu um grito que pensei que tivesse sido mordido por um tubarão invisível, daqueles monstruosos que permeiam a nossa imaginação. Gente, sem sacanagem, o grito dele parecia que algo tinha arrancado a sua perna e fui, então, correndo acudi-lo. Achei que tinha se machucado feio, cortado o pé, sei lá.

Quando ficou mais calmo ele disse que um peixe havia mordido seu machucado no pé (um pequeno ferimento no peito do pé feito pelo tênis, imaginem vcs). Mas, Belchior não se conformou. Achou que tinha sido atacado seriamente por uma moréia. Ficou grilado, falou para todo mundo, olha, inacreditável! Parecia uma criança fantasiando coisas! Deve ter sido um peixinho super pequeno, como todos os outros que estavam ali. Não teve jeito. Belchior foi atacado por um peixe enorme e ponto final! RS

Passado o susto enormeeeeeeee, ele começou os trabalhos, pediu uma cerveja e passou o resto do dia sentado saboreando o seu líquido favorito. O garçom que nos atendeu no quiosque era uma figura e Belchior amou isso. O garçom fez tudo que ele queria: o regava com aguinha quentinha do mar toda hora, ouvia suas piadas, ria, contava outra e Belchior teve a cara de pau de oferecer um copinho de cerveja para o cara em pleno horário de serviço. “Vem cá, Sandro, toma um copinho aqui comigo. Rapaz, mas vc bebe rápido. Na próxima vamos apostar quem vira”? O garçom topou. E se colocaram a postos, encheram os copos e viraram! Belchior ficou indignado, mas o garçom virou mais rápido do que ele!! Ninguém mandou apostar, né. Para o dia seguinte, a programação era fazer o passeio pela Ilha de Tinharé e Boipeba. Já tínhamos passado o dia todo na praia.

Morro de São Paulo tem uma marca registrada inesquecível: uma tirolesa no alto do morro, que tem uns 70 metros de altura. Logo que chegamos, Belchior disse que desceria dela. Bem, chegou o dia. Saímos da praia e combinamos o seguinte: o nosso grupo o esperaria na primeira praia, lugar onde acaba a tirolesa e a galera cai na água. Senti que ele estava com medo, meio nervoso, pois o negócio era alto mesmo. Mas nos separamos no meio do caminho, nós em busca de um barzinho para esperá-lo, ele em busca do topo do morro.

Encontramos um boteco super bem localizado, que tínhamos vista privilegiada de quem descia da tirolesa. O problema era o seguinte: como reconhecer Belchior quando ele descer? Eu disse ao pessoal: podem ficar tranqüilos que ele deve vir fazendo mil e uma estripulias! Foram quase duas horas de espera! Tiramos mais de 20 fotos de outras pessoas achando que era ele! Quando já tinha cansado de ficar em pé e olhando, eis que surge um homem de sunga azul rodopiando na corda, fazendo mil e uma macaquices. “É ele, é ele”, gritavam os nossos amigos gaúchos. O colega de trabalho conseguiu fazer um filminho da sua descida. Mas eu mesma não consegui fazer nada! Só tirei uma foto tosca dele caindo na água. Tudo bem, fazer o quê.

Depois que saiu da água, veio todo bobo ao nosso encontro. Disse que tinha muita fila para pular e que tinha feito amizade com um casal carioca na espera. Contou que todos da fila se mijaram de rir com sua crise de medo de pular lá de cima. Claro que imagino a cena! Isso é típico dele. Voltou com a indicação do casal de que não poderíamos perder o pôr do sol na Toca do Morcego, um barzinho no alto do morro também. Os gaúchos não foram com a gente. Combinamos de nos encontrarmos à noite na segunda praia. Fomos juntos com o colega de trabalho de Belchior e sua namorada estagiária. RS

Chegamos ao local e, como todos que chegam lá, ficamos deslumbrados. O dono teve uma sacada incrível. O visual do pôr do sol era absurdo. O cara espalhou esteiras, almofadas, mesas com velas aconchegantes criando um clima delicioso de espera. Em pouco tempo o lugar lotou. Tirando toda beleza e aconchego, o lugar não tinha boa comida, nem bebida e era muito caro!
Belchior, com sua cisma de riqueza, não perdeu tempo. Conheceu o garçom uruguaio, que ele cismou que era argentino, paraguaio e encheu o saco do cara! Queria drink. Pediu caipirinha de maracujá com morango (e mais sei lá quantas misturas inusitadas). O seu colega pediu um coquetel de frutas. Estava horrível. Belchior levantou e foi lá falar com o barman. Quis ensinar ao cara como se fazia, riu, quebrou o gelo, disse que o cara se parecia com o Alan do Big Brother e o cara realmente se chamava Alan. Descobriu que ele tinha jogado no Botafogo e morou por muitos anos em Niterói! Ninguém merece!

Sem comer nada, vimos o por do sol, Belchior tomou mais umas caipiroskas, e finalmente, fomos embora! Fomos à pousada, tomamos banho, vimos TV e terminamos a noite num almojanta num dos restaurantes lindos da segunda praia, todos à luz de velas. Levamos o vinho embaixo do braço novamente (aquele, lembram? Da noite anterior?) para bebermos no jantar. Conseguimos convencer o dono, um argentino (impressionante como os gringos tomam conta do nordeste), a nos deixar bebê-lo sem custo. Brinde ao vinho comprado na noite anterior!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Gamboa, o ovo de codorna e o vinho embaixo do braço



Antes de irmos para Gamboa, perguntamos ao dono da nossa pousada sobre o carnaval da lá. Belchior estava todo animado! “Ihh, se eu fosse vocês não ia não. Vão fazer o que lá? Aquilo é carnaval para nativo. Ano passado teve brigada feia, tiro e até morte. Um cara foi assassinado e perdeu a cabeça. Um horror”. Nossa, quase enfartei e fui clara: Ah, amor, então não vamos. Estou cansada e é perigoso. Vamos jantar e depois descansar. Que tal”? Belchior murchou na hora... Entramos no quarto e fui tomar um banho.

Vinte minutos depois, os nossos amigos gaúchos estavam na porta da pousada nos esperando. “Poxa, Casadona, o filhinho deles quer muito ir. Vamos lá ver qual é? Vamos, vamos!”. Mais uma vez, vencida pelos apelos do meu querido e pensando no menino que queria pular carnaval, lá fomos nós... Depois de um banho e de ter curtido praia, meu ânimo estava melhor.

A Gamboa nem se compara a Morro de São Paulo. A sensação era a de que tínhamos saído do paraíso e agora estávamos assim, como direi, em Cabo Frio naquela parte mais carente. Realmente uma ilha com muitos nativos, poucas belezas naturais, com um clima estranho. Saímos do barco em busca do trio elétrico.

A rua principal estava cheia e o clima era mesmo o que estava suspeitando. Carnaval na presidente Vargas no fim do dia, na Rua Nóbrega em Niterói, sei lá. Carrinho de milho, churrasquinho de gato, ambulantes, bares vendendo feijoada (com o slogan: Não vendo fiado nem para minha mãe, ouviu?), pessoas vendendo de tudo. O trio elétrico foi uma piada! A comunidade toda atrás do carro, tirando o pé da lama, pulando e cantando as músicas, que eram tanto de carnaval quanto de igreja ou sei lá! “Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura, sara todas as feridas” em ritmo de samba, rebolation, uma loucura.

Claro que Belchior deu seu show particular e nós entramos no clima dos nativos. Ele tentou entrar na corda do trio, onde só havia crianças, puxava o gauchinho para um lado, para o outro, esbarrava nas thuthucas dançando, pulava, comprava cerveja, voltava, me pegava no colo! Até que nos divertimos!

No fim das contas, sentamos num boteco local, compramos acarajé (mas Belchior é alérgico a crustáceos e, coitado, sempre fica na vontade). Como ele não pôde comer, comprou churrasquinho no palito. Era de gato, claro. Mas ele comeu mesmo assim. Depois, ficou compadecido com um menininho vendendo ovos de codorna. Isso mesmo, caro simpatizante do blog! O menino carregava uma caixa com centenas de ovos de codorna cozidos e eram 6 por R$1! Belchior amou e comprou! Só que não havia pratinho, molhinho, nada. Ainda tínhamos que descascar os ovos na hora... 'Eu sou o lobo mal 'tocando e a gente descascando ovo de codorna....

Porém, Belchior também estava nervoso. Andou a ilha toda querendo saber em que lugar poderia assistir ao jogo do Fluminense. Torcedor doente, ficou triste ao saber que lá eles só passam o campeonato paulista. Quando voltávamos da Gamboa, ele descobriu, por meio das mensagens dos amigos sacaneando, que o seu time havia perdido...

Depois da nossa aventura em Gamboa, nos demos conta de que, apesar de termos beliscado umas coisinhas (até ovo de codorna), não tínhamos feito uma refeição sequer no dia. Voltamos para Morro e fomos jantar em um dos muitos restaurantes de lá. Achei melhor comer uma massa. Ao rodarmos pela ilha, encontramos uma barraca linda com várias frutas! Era de capiroska! Claro que Belchior, sem pestanejar, parou e pediu uma caipiroska de seriguela! Adoro seriguela! O problema é que ele já estava louco. Bebeu o dia inteiro e sem comer! Mas, ao tentar argumentar, a resposta foi na lata: “Casadona, é carnaval! Uhuhu, é carnaval! Larga eu beber”. (Só para explicar, a frase “larga eu beber" é de sua própria autoria e já tem a licença poética para uso de Belchior). Então tá, né.

Enquanto esperávamos a caipiroska, pegamos umas frutinhas da barraca para provar. Mas o dono da barraca ficou p da vida e, na brincadeira, falou. “Meu irmão, tira a mão das minhas frutas. Não gosto que ninguém as pegue, não é higiênico”. Nossa! Ficamos surpresos com a atitude e respeitamos a higiene do cara! Mas, Belchior não se conteve! “Pô, maneira a sua preocupação, cara. Mas e se você sentir aquela vontade de coçar o saco? Vai colocar a mão na fruta depois? Ahahahaha”. O ambulante, coitado, não se conteve e caiu na gargalhada.

Saímos da banquinha rindo até não poder mais. Entramos num restaurante italiano. Belchior sem camisa e com a caipiroska na mão. Surge o dono. “Mesa para dois”? “Isso mesmo. Você é argentino? Posso ficar sem camisa?”, começou Belchior. O cara respondeu que era italiano. “Posso continuar bebendo a caipiroska”? “Claro, fica até melhor, respondeu o dono”. Bem, se deixasse, ele ficaria perguntando duas mil coisas para o coitado. Pedimos a comida. Mas, ele não se conteve e quis porque quis beber um vinho. “Massa se come com vinho, Casadona. E eu quero beber um vinho. Larga eu beber o meu vinho”. Mas, querido, você não está se agüentando em pé de sono e de bêbado. “Eu quero vinho! Larga eu beber meu vinho”. Convencida pelo discurso sempre igual do meu marido e pelo meu cansaço do dia e da noite anterior, não dei bola. Larga ele beber o vinho!

Quando pedimos a conta, Belchior, já com o olho fechando, me disse: “Não aguento mais o vinho”. E saímos do restaurante com Belchior carregando a garrafa completamente cheia debaixo do braço. Perambulamos pelo vilarejo e encontramos com o colega de trabalho dele (aquele que passou o dia concosco e ele zuou porque estava pegando a estagiária). O cara passou mal de rir ao ver a cena. Belchior bêbado, carregando a garrafa e eu quase que carregando os dois: ele e a garrafa! "Não aguentou beber a garrafa"? "Não, cara, tô muito louco"! Imaginem vocês a cena.

Depois, passamos de volta pelo dono da caipiroska que também riu da cena. Para fechar, a ambulante que vendia quadrinhos na rua gritou: “hoje tem com essa garrafa aí”. Ahahah, teve sim, muito sono e a garrafa no frigobar!

Salvador, o catamarã e o primeiro dia em Morro de São Paulo


Sexta-feira de carnaval. Malas a postos. Vestida para obter conforto, economia na mala e ir ao trabalho. Eu e Belchior nos encontramos por volta das 19h na Cobal do Humaitá, pois daqui partiríamos para o Galeão. Fizemos uma horinha, meu marido tomou uns choppinhos e partimos para o aeroporto. Incrível como a hora não passa nesses momentos. Ainda esperamos cerca de 2 horas para embarcar. Nosso vôo tinha escala em Guarulhos e, enfim, às 3:30 da matina chegamos em Salvador!!! Huhuhu, agora só faltava cochilar um pouco e pegar o barquinho e ir para Morro de São Paulo!

Belchior, assim como eu, passou boa parte da viagem tentando descansar. Sabíamos que nossa noite e o dia seguinte seriam longos! Quando pegamos o táxi, ao chegar no aeroporto, pedimos a indicação do taxista para nos deixar num motelzinho custo/benefício legal. Seriam só 3 horinhas de sono e tínhamos até pesquisado uns melhorezinhos na internet, mas esquecemos o papel. A indicação do taxista foi trash! O motel era de quinta categoria. Que nojo! Mas, tudo bem, vamos lá. É carnaval! Cochilamos (quatro horas apenas de sono) e fomos pegar nosso catamarã rumo à Morro de São Paulo às 8 da manhã!

Essa viagem foi extremamente maçante e enjoativa. O catamarã mexe demais, a hora não passa e a nossa ansiedade cresce de uma forma indescritível! Mas, Belchior sentiu-se em casa quando entrou na embarcação. De longe avistou um colega do trabalho e deu aquele berro desnorteando as pessoas. “Falaaaaaaaaaaaaaaaaa Loucooooooooooo! Cacete, vc ta pegando sua estagiária do trabalho? Que falta de ética! Queria se esconder e me encontrou logo na ida, bem no catamarã. Ahahahaha. Se ferrou”! Sentei atrás do casal (único lugar que ainda restava) e queria deslizar pela cadeira abaixo de tanta vergonha. Belchior deixou o menino e a namorada completamente sem graças! E sem papas na língua, ele continuava a interrogá-los sobre o início da pegação, se o pessoal da empresa já sabia e etc. Surreal.

Depois disso, ele não sossegou. Andava de um lado para o outro no catamarã, fez várias amizades com a turma que ficou lá fora da embarcação. Muitos estavam passando extremamente mal. E ele tagarelando! RS De vez em quando ele vinha me perguntar se eu não queria ir lá para fora. Até que resolvi acompanhá-lo e realmente senti-me melhor. Passei a hora que ainda faltava recebendo a água do mar no rosto e olhando para o horizonte. A viagem melhorou bem.

Chegar em Morro é uma sensação indescritível. Depois de 2h e 40 min de barco em mar aberto, chegar é tudo! Pena que a sensação de alívio logo se esvai quando você olha a subida enorme que se tem que fazer! Mas, para nossa salvação, a nossa pousada era logo depois da subida. Deixamos as malas e partimos para a segunda praia, a mais badalada e bonita, em que nossos amigos gaúchos estavam nos esperando!!

Em Morro é uma delícia porque fazemos tudo a pé! O táxi é um carrinho de mão de obra, sabe qual? Cara isso é tudo! Havaiana e vestido formavam a dupla da minha mochila, além dos biquínis! Encontramos os nossos amigos e foi aquela festa! Sentamos na barraca e começamos a realmente curtir o carnaval! A água da praia é um escândalo de quente e deliciosa! Belchior pediu uma gelada e iniciou os trabalhos! Fizemos um brinde (eu com água de côco) e curtimos a praia. Mas eu estava realmente esgotada. O cansaço tomava conta de mim de uma forma... Até que estendi a canga e tentei relaxar.

O colega de trabalho do Belchior chegou com sua namorada e ficou conosco na mesa. Belchior não perdeu tempo e contou para os nossos amigos gaúchos tudo de novo, com aquela zuação que só ele consegue fazer. Sem pudor e sem problemas! Passamos o dia na praia e combinamos com nossos amigos gaúchos de, no fim do dia, irmos até a Gamboa (no outro da ilha), pois disseram que teria um trio elétrico por lá. Belchior super empolgado! Então, pegamos o barquinho e fomos para lá.... (cenas para o próximo texto)