A coisa aconteceu assim, de repente, do nada. Tivemos a oportunidade de passar uns dias em Bariloche. Tudo veio planejado pelo tio A.X. Consegui pegar uns dias no trabalho, Belchior também, e fechamos a viagem. Mas, o nosso amigo vulcão cancelou todos os vôos para o local e tivemos, para nossa sorte e felicidade, que ‘cambiar’ para o Chile. Começo de uma longa, divertida e indescritível viagem!
Esse primeiro post vai contar a história do nosso primeiro dia no Chile, que foi recheado de loucuras e diversão. A começar pela trupe. Sem sacanagem, não dá para não se divertir com essa turma da terrinha. Sente só: comandante A.X. e sua senhora S.; Casadona e Belchior; H. e sua irmã G.; F., irmão de Belchior e H. dela T. Só com esses integrantes já rolava um filme. Ainda tivemos a presença do casal M. e L. e L. e L., amigos de F. irmão de Belchior.
A nossa viagem começou às quatro da manhã do dia 4 de agosto, quando nos encontramos no aeroporto. Nosso vôo até São Paulo era às seis da matina e de lá, todos seguiriam na TAM direto, menos eu, Belchior e o casal M. e L. Infelizmente teríamos que nos separar do grupo de excursão do tio A.X. Nós iríamos de LAM, chegando 30 minutos depois do pessoal. Chegamos em São Paulo cantando a musiquinha ensinada pelo nosso mestre e guia da excursão: “é, é, é, excursão do tio A.X.”.
Enfim, cada um pegou seu rumo e nós quatro saímos em busca da nossa conexão. Resumindo a confusão de um disse me disse louco da cia aérea: entramos no embarque errado e quando eu Belchior estávamos finalizando as nossas compras de encomendas no free shop, faltando 30 minutos para o embarque, descobrimos que teríamos que atravessar o mundo, fazer chek in de novo e quem sabe ainda pegar o nosso vôo. O homenzinho da TAM dizia, vocês vão perder essas compras. Não vão poder passar pela PF com isso. Era um tal de Belchior enfiar as bolsas na mala de mão, apertar com o pé, fazendo isso ao mesmo tempo que corria.
Quando chegamos ao balcão da LAM, a mulherzinha foi enfática: “vocês perderam o vôo”. Ahahaha, quase morremos! Eu na sabia se chorava, gritava ou esperneava. Optei por dizer simplesmente que iríamos embarcar sim e de qualquer jeito. Ela, com a doçura e simpatia natural de quem trabalha nas cias aéreas me respondeu: “Quer embarcar? Então, corra”! Foi o que fizemos sem pestanejar. Corremos horrores, parecia cena de filme. “Dá licença, dá licença, vamos perder o nosso vôo”. Depois de 10 minutos correndo e rezando sem parar, entramos no avião faltando 5 minutos para decolar. M., amiga da S., quando chegou no avião se debulhou em lágrimas. E eu só pensava em como seria se tivéssemos perdido o vôo. Com o coração a 200 por hora, sentamos e começamos a nossa viagem. Agradeci a Deus e às minhas pernas, treinadas no ergopilates! rs
Enfim, depois de quatro horas no ar, chegamos a Santiago e encontramos com o resto do povo. Contamos a nossa peripécia, todos incrédulos, e também soubemos que o doctor A.X. havia tomado 10 latinhas de cerveja, tinha zuado todo mundo durante a viagem e depois, quando estava quase chegando ao destino, morgou em sono profundo. Brincadeira, hein, tio A.X! RS
Bem, seguimos rumo ao nosso hotel e estava tão frio, tão frio, que dava para congelar o nariz se você desse mole. Chegamos ao Sheraton e mal pudemos acreditar que ficaríamos 6 dias hospedados naquele lugar de sonhos. Sem brincadeira, um luxo absurdo. Todos encantados, cada um pegou sua ‘targeta’ do quarto e foi deixar as malas. Quando eu e Belchior entramos no nosso 'quartito', eu já estava há uns 5 minutos de queixo caído, quando ele manda a pérola: “É bonito, né, mas, sinceramente, não é o tipo de luxo que eu gosto”. Como assim, cara pálida??? O hotel 5 estrelas mais foda, um luxo clássico absurdo e ele diz isso? Ai meus sais!! Belchior puro no palito!
Uma hora depois, com todos reunidos no saguão (um dos problemas foi esse, agregar todos, era sempre um problema rsrsr), saímos em busca do nosso almoço / janta no mercado municipal. Fomos de metrô e, aqui, vou te falar, que metrô do inferno, cara. Fomos literalmente massacrados, empurrados. O vagão parecia o trem Central do Brasil. As pessoas sem o mínimo de cuidado e educação também. Eu, no alto dos meus 1,59, sofri, quase sem ar. Mas, tudo bem, faz parte. Tudo vale a pena se a alma não é pequena e chegamos ao nosso destino com êxito.
O mercado municipal já estava quase ‘cerrado’ e encontramos a indicação de melhor restaurante de lá, o Donde Augusto, ainda aberto. ‘Gracias’! Já estávamos há mais de 14 horas no ar, sem almoçar e sem dormir. Uma loucura. Enquanto uns só queriam saber de comer, outros (Belchior, ‘suyo hermano’, A.X. e etc) só se preocupavam com a bebida. RS Comentário de Belchior: “Aqui eles servem igual na Bahia. Companheiro, pode trazer meu vinho logo”? Pedimos uma Centolla enorme, digna de várias fotografias, e a devoramos em poucos minutos. Belchior não comeu nada, a não ser o pãozinho servido de cortesia, e devorou uma ou duas garrafas de vinho. Já ‘no me acuerdo’. rs
Devidamente comidos e bebidos, o grupo mais animado do Chile saiu em busca de uma diversão noturna. Pegamos novamente o metrô e iríamos para o nosso bairro, berço de muitos pubs, bares e restaurantes. Ouvimos um burburinho de que estava acontecendo um protesto pela educação chilena, que muitas famílias estavam fazendo panelaço na rua. Segundo informações, a educação chilena é a mais cara do mundo. Bem, seguíamos felizes e animados, até mesmo porque o metrô estava mais tranqüilo do que na ida, quando, de repente, começamos a sentir um cheiro estranho dentro do vagão. Alguns segundos se passaram e todos começaram a tossir desesperadamente, um ardor forte na garganta, uma confusão sem sabermos o que era aquilo. Belchior cantou a pedra: “Isso é gás de pimenta, gás de pimenta”! Só sei que num surto generalizado, assim que a porta da estação, que não era a nossa, se abriu, saímos em bando, desesperados e intoxicados. Estávamos participando indiretamente de ‘la revolución chilena por la educacion’! E era sim, gás de pimenta, que foi jogado nas estações de metrô. Afff!
Quando todos estavam se sentindo melhores, entramos novamente no vagão, um cheiro e gosto mais brandos de gás de pimenta, e seguimos rumo ao nosso próximo point: The Phone Box Pub. Esse pub estava indicado no nosso livro de bolso de viagem, o guia 4 rodas do Chile, da nossa bem preparada e parceira mais fofa da viagem G. O lugar era super maneiro, ia rolar um show de rock, cheio de velinhas nas mesas, aconchegante, quentinho (essencial para o momento), com várias bebidas. Tudo que precisávamos. Sentamos numa mesa enorme, com 10 lugares e desce ‘cerveza’, ‘viño’ e coca-cola para todos!
Bebida vai, bebida vem e surgiu um mágico chileno que nos fez participar de uns sete truques dele. A performance foi legal, os meninos sempre desafiando-no e ele sempre dando um show. Até que chegou ao fim e tivemos que dar ‘la propina’. Quem chamou o mágico mesmo, F., na hora H, saiu e Belchior e H. sacaram 'la granita' para pagar! Mas foi merecido.
Bebida vai, bebida vem, bebida vem de novo e a galera já louca começa a fazer uma ‘mierdita’ em território internacional. Tio A.X. começa a brincar com fogo e queima um ‘papelzito’ com a senha do wifi do pub, jogando-o no cinzeiro. Aquela chama bonita queimando e H., já sem noção, simplesmente, assopra o papel que começa a queimar na mesa. Todos bêbados e sem reação. Mas o garçom vem correndo, nos dá um esporro fenomenal e apaga bravamente as chamas. Sentimos na nossa pele de lontra que nossa hora já tinha chegado, a hora de partir. Pedimos a conta, mas F., incansável, queria continuar ali. Até porque ele estava chegando em todas as garçonetes e queria internacionalizar sua língua o quanto antes! H. dela T. também ficaria. No fim, H., o assoprador de fogo, também resolveu ficar para tomar a saideira, como é de praxe.
Voltamos a pé pelas ruas de Santiago doidos por uma boa noite de sono sem saber que os meninos voltariam minutos depois de nós. A explicação foi simples: eles não puderam continuar no bar depois do fogo. Foram convidados a se retirar. Belas histórias para o primeiro dia de viagem. Ainda restavam mais cinco...